Condenado pela primeira vez em 8 de março de 2008 a 39 anos e 11 meses de prisão, durante julgamento comandado pelo juiz Geraldo Amorim, o fazendeiro José Laelson Rodrigues de Melo, o “Laércio Boiadeiro”, tenta agora uma segunda redução de pena pela execução do agropecuarista e ex-prefeito de Batalha, José Miguel Dantas Rodrigues, o “Zé Miguel”, tio do governador Paulo Dantas.
O duplo crime aconteceu na noite de 19 de março de 1999, no acesso da cidade de Major Izidoro, quando também foi morta a companheira de “Zé Miguel”, Matilde Tereza Toscano. O casal teve o carro, dirigido por “Zé Miguel”, cercado por outros veículos onde estavam os pistoleiros.
“Laércio Boiadeiro”, que em 14 de abril de 2011 foi colocado em liberdade por uma decisão do desembargador do Tribunal de Justiça Orlando Manso, que anulou a sentença anterior citando várias falhas no processo, votou aos bancos dos réus em junho de 2012, quando foi condenado a 35 anos de prisão, durante juri comandado pelo juiz José Braga Neto, da 9ª Vara Criminal da Capita
Mesmo condenado a mais de três décadas de prisão, “Laércio Boiadeiro”, após a decisão na época, comemorou o resultado. Ele já tinha cumprido quatro anos de prisão preventiva e bastava mais um ano e cinco meses para conseguir a progressão de pena e entrar no regime semiaberto, porém Alagoas até hoje não dispõe de um local para os presos nesse regime.
Agora, em 11 de janeiro, “Laércio Boiadeiro” entrou com um novo pedido de revisão criminal de sua segunda condenação, alegando que tal condenação não corresponde às provas contidas nos autos. A revisão da pena está agendada para ser julgada pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de lagoas (TJ-AL), nesta terça-feira (21).
Boiadeiro tem afirmado não ter qualquer envolvimento com as mortes de “Zé Miguel” e da companheira dele, acrescentando que a denúncia contra ele tem origem política.
“Na época do crime eu estava numa fazenda no Ceará e não tive nenhuma participação. Dezesseis pessoas foram citadas no inquérito como possíveis executores, mas apenas eu fui investigado. Sou inocente e não sei quem cometeu os homicídios”, afirmou o suspeito.
No entanto, o que sustenta a acusação é o depoimento à polícia de um homem acusado pela polícia de ser um dos pistoleiros que matou o tio do governador Paulo Dantas. Conhecido por “Cícero Bala”, ele acusa Laércio Boiadeiro de ser o mandante do crime.
Laelson mantém a versão que no dia do duplo crime se encontrava no Estado do Ceará e que jamais cometeria “tamanha barbaridade”.
“Nunca andei no veículo utilizado na ação e não sei como foi o crime, tampouco a quantidade de tiros deflagrados. A única informação que tenho é a que li nos jornais, ou seja, que o casal foi vítima de uma emboscada, sendo atingido por vários disparos durante uma viagem”, diz o acusado.
A sanguinária briga entre os Dantas e Boiadeiros teve início em 2006, após uma discussão seguida de troca de tiros na praça central de Batalha, onde morreram Samuel Theomar Bezerra Cavalcante, irmão de Marina Dantas (atual prefeita licenciada de Batalha e primeira dama do Estado), e o sargento PM Edvaldo Joaquim de Matos, que trabalhava na segurança pessoal do então prefeito Paulo Dantas.
Os dois, segundo versão policial, foram mortos por José Emanoel Boiadeiro, o “Emanoel Boiadeiro”, que foi preso e condenado, mas conseguiu depois liberdade condicional. Em 2016 a Polícia Civil recebeu a informação de que “Emanoel Boiadeiro” estava com um arsenal em casa, em Belo Monte. De posse de um mandado de prisão, os policiais tentaram cumprir, mas, segundo eles, “Emanoel Boiadeiro” reagiu e terminou morto.
No ano seguinte, em novembro de 2017, Adelmo Rodrigues de Melo, o “Neguinho Boiadeiro”, foi executado após sair da Câmara de Vereadores de Batalha, após uma sessão.
Após o assassinato de “Neguinho Boiadeiro”, em dezembro de 2017, outro vereador – Tony Carlos Silva Medeiros – o “Tony Pretinho” foi morto na porta de casa, em Batalha. O crime é atribuído aos irmãos “Preto” e “Baixinho Boiadeiro”, filhos de “Neguinho Boiadeiro”, em represália à morte do pai.
A polícia confirma que no dia da morte de “Neguinho Boiadeiro” Tony não teria ido à sessão na Câmara. O que chama a atenção e até hoje nunca foi devidamente esclarecido é que o vereador “Tony Pretinho” sempre foi ligado aos Boiadeiros.
Já o primo do governador Paulo Dantas, o fazendeiro Emílio Dantas, teria escapado da morte supostamente tramada pelos irmãos “Preto” e “Baixinho Boiadeiro”. Conforme versão da polícia, os irmãos Boiadeiro foram até a casa de Emílio e atiraram várias vezes contra ele, que no momento estava armado e reagiu. Emílio foi ferido em uma das mãos.
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