A morte do desempregado Wellington Barbosa de Melo durante uma operação realizada na manhã do último dia 23, em Olho D’água das Flores, para a família e para a advogada Mabylla Loriato foi um crime de execução praticado pela força de segurança do Estado.
Em entrevista exclusiva ao Correio Notícia, elas discordam da versão policial de que Wellington reagiu ao cumprimento de um mandado de prisão em desfavor dele, expedido pela 17ª Vara Criminal de Maceió. A advogada e a esposa do jovem morto defendem que ele não atirou na direção das guarnições policiais.
Grávida, a esposa, cujo nome pediu para ser preservado, conta detalhes do que aconteceu antes da morte do marido. Ela contou que estava dormindo com o marido em uma casa situada em uma localidade conhecida como Camaratuba, na zona rural do município, quando os policiais chegaram na residência.
“Fomos dormir quase 2h da manhã. Estávamos deitados quando escutamos chutes de policiais que chegaram já invadindo a casa. Ele [Wellington] levantou-se e gritou: calma que a mulher está grávida”, relatou a viúva, acrescentando que nesse momento o marido foi rendido pela polícia e ela foi levada para fora da casa.
A mulher relatou que a residência estava ocupada pela polícia e que Welligton já estava rendido. “Não tinha como ele correr nem fazer absolutamente nada porque estava sentado e algemado. Não havia arma e droga no local, mas eles [policiais] queriam que eu falasse que tinha. Wellington dizia para eles que eu estava grávida”, contou.
Conforme a testemunha, enquanto estava fora sendo interrogada pelos policiais, eles teriam dito para ela que o filho que está esperando iria ver o pai apenas por fotos. “Antes dos tiros acontecer, eles perguntaram se eu estava grávida e eu disse que sim, então disseram: que pena porque agora seu filho só vai ver ele por foto, por celular”, relatou.
“Logo depois um policial saiu da casa e disse que Wellington havia corrido. “Eu só escutei os tiros, uns oito tiros. Depois me disseram que meu marido tinha trocado tiros com a polícia, mas nem arma tinha lá”, disse a viúva.
Ainda segundo a mulher, um policial falou para ela que a morte do marido foi por causa do envolvimento dele em um homicídio que teve como vítima um guarda municipal. “Falaram que ele já tinha aprontado muito e que fizeram isso porque ele matou um guarda aqui, mas isso é mentira, ele não matou”, finalizou, alegando que teme pela vida.
A advogada Mabylla Loriato, que tinha Wellington como cliente, defende a versão de que ele foi executado pela polícia e que os policiais invadiram a casa dele já com a ordem para matar. Durante entrevista ela disse que também teme ser morta.
Segundo ela, Wellington Barbosa não tinha nenhuma arma em casa. “Mesmo que tivesse, ele não seria estúpido ao ponto de enfrentar algemado mais de 30 homens portando fuzis, metralhadoras e pistolas”, disse.
A advogada destaca que os tiros atingiram apenas as costas de Wellington, o que para ela comprova que não houve troca de tiros, como relatou a polícia. Confira abaixo a entrevista completa da advogada Mabylla Loriato.
Wellington era acusado de matar a tiros o radialista Jota Ferreira, em 2017, no Conjunto Manoel Floriano, em Olho D’água das Flores. Ele ainda era investigado pela suspeita de ter envolvimento com uma quadrilha ligada ao Comando Vermelho, inclusive um dos líderes do grupo criminoso foi preso na mesma operação, em Natal, no Rio Grande do Norte.
A Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/AL) informou que não vai comentar as declarações, mas ressaltou que as operações desencadeadas pela SSP/AL são baseadas em provas que comprovam o envolvimento dos acusados em crimes.
Utilize o formulário abaixo para comentar.