Enquanto providenciavam a liberação do corpo da dona de casa Ivonete da Silva, na manhã desta quarta-feira (28), no Instituto Médico Legal (IML) de Arapiraca, parentes da mulher denunciaram que estão sofrendo ameaças do principal suspeito do crime, o agricultor José Inácio da Silva, marido da vítima.
Na manhã do domingo (25), vizinhos encontraram o corpo de Ivonete carbonizado, colocado em um saco plástico e enterrado em uma cova rasa, próximo da residência do casal, no Sítio Runa, zona rural de Olivença.
Uma das versões sobre o caso, ainda não confirmada pela polícia, é de que com a descoberta do corpo populares revoltados tenham colocado fogo na casa do casal.
O suspeito, José Inácio, teria tentado fugir para o povoado Capelinha, em Major Izidoro, mas horas mais tarde foi preso por uma guarnição da Polícia Militar (PM/AL), enquanto caminhava em direção ao Rio Ipanema, em Santana do Ipanema. Ele foi encaminhado para o Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), em Batalha, onde o delegado de plantão, Antônio Carlos Machado, o autuou por feminicídio e ocultação de cadáver.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o delegado falou sobre o caso:
"Neste domingo (25) a PM trouxe até a Delegacia Regional de Batalha um caso ocorrido no município de Olivença, onde supostamente o marido teria assassinado sua esposa, ateado fogo no imóvel do casal e enterrado o corpo de sua esposa em um terreno próximo a residência do casal. O corpo foi encontrado carbonizado. Diante da situação foi confeccionado um auto de prisão em flagrante com relação ao delito de ocultação de cadáver pois é um crime permanente, deixando o autor do fato em situação de flagrante”, disse o delegado na primeira parte do vídeo.
“Com relação ao feminicídio, as circunstâncias do fato indicam que esse crime ocorreu há aproximadamente 2 ou 3 dias, estando fora do prazo flagrancial. E foi entendido também que o delito necessitaria de uma análise mais substancial, e assim foi encaminhado à Delegacia de atribuição pela investigação, que é o município de Olivença, onde será devidamente apurado", concluiu a autoridade.
Porém, na segunda-feira (26), durante audiência de custódia em Arapiraca, o juiz Wilians Alencar Coelho Junior, que conduziu a audiência, concedeu a liberdade provisória do suspeito, atendendo ao pedido do próprio Ministério Público, que opinou pela homologação da prisão em flagrante por ocultação de cadáver e a concessão de liberdade com medidas cautelares diversas da prisão. Na mesma decisão o magistrado determinou imposição de medidas cautelares, como comparecimento ao juízo e proibição de ausentar-se do município sem autorização judicial.
O magistrado ainda destacou que neste caso a pena privativa de liberdade prevista para o delito não é superior a 4 anos, razão pela qual não seria possível a decretação da prisão preventiva.
Revoltada com a liberdade do suspeito, que nega o crime e acusa um irmão da vítima, a família descarta a participação de qualquer outra pessoa no crime e insiste que José Inácio é o verdadeiro criminoso.
Conversas de áudios entre a vítima, vizinhos e familiares comprovariam que Ivonete era constantemente ameaçada pelo marido, que chegou a ameaçar de agredi-la.
Os parentes da mulher morta também denunciam que após José Inácio ser libertado ele teria feito ameaças a parentes de Ivonete e aos vizinhos.
Utilize o formulário abaixo para comentar.