Após um julgamento que se estendeu por mais de 12 horas, a família Gastão foi absolvida pelo Conselho de Sentença no Fórum de Delmiro Gouveia. O caso, que chocou a comunidade local, envolvia o patriarca Gastão Batalha Pereira, 53 anos, e seus dois filhos, Janiel da Silva Pereira, 31, e Jamerson da Silva Pereira, 34, todos acusados pela morte de dois membros da família Benevito: Gilberto Batalha da Silva, 40 anos, e Manoel Messias Batalha da Silva, 49 anos. A tragédia ocorreu no povoado de Santa Cruz do Deserto, em Mata Grande, em 13 de fevereiro de 2020.
O confronto entre as famílias, que culminou nas mortes, teria sido desencadeado por um desentendimento sobre a invasão de gado da família Benevito na propriedade dos Gastão. A defesa argumentou que o ato foi em legítima defesa, após os Benevito tentarem atacar Gastão e seus filhos com facas. O Ministério Público tentou caracterizar o caso como homicídio, mas não conseguiu convencer o júri, que absolveu a família Gastão.
O conflito e o desenrolar do crime
De acordo com a Polícia Civil de Alagoas, o conflito entre as famílias já vinha de tempos. A desavença principal girava em torno da entrada constante do gado dos Benevito na propriedade dos Gastão. Apesar de várias advertências, o problema persistiu, e o confronto final ocorreu quando uma vaca da família Benevito foi abatida.
Na manhã de 13 de fevereiro de 2020, os irmãos Benevito foram até a propriedade dos Gastão para tirar satisfações. Segundo a investigação, Messias e outros familiares chegaram armados com facas e atacaram Gastão e seus filhos, que revidaram com armas de fogo e facas, resultando nas mortes de Gilberto e Manoel Messias. Antônio Marcos Batalha da Silva, outro membro da família Benevito, também ficou gravemente ferido e foi levado às pressas para o hospital.
Os três acusados fugiram logo após o incidente, mas se entregaram à polícia dias depois, alegando que agiram em legítima defesa. Em maio de 2021, foram presos em uma operação da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/AL), em Lajedo, Pernambuco, onde foram encontrados com armas, que segundo a defesa, estavam legalmente registradas.
Família Gastão apresentou imagens de videomonitoramento como prova
Em uma entrevista concedida ao Correio Notícia em dezembro de 2021, os familiares dos Gastão apresentaram novas evidências, incluindo gravações de câmeras de segurança que, segundo eles, comprovariam que os ataques partiram primeiro da família Benevito. As imagens mostram Gastão consertando um trator quando os irmãos Benevito chegaram, e a discussão escalou rapidamente.
As gravações revelam que Messias tentou esfaquear Gastão, mas foi repelido com tiros. Jamerson e Janiel também entraram na confusão para defender o pai. Gilberto, o outro irmão Benevito, foi morto após ser baleado por Janiel. Os Gastão alegaram que, após serem atacados com facas, reagiram para salvar suas vidas.
Apesar das alegações de que os Benevito ainda estariam vivos após os tiros iniciais e teriam sido executados posteriormente, a defesa negou essa versão e sustentou que todas as ações da família foram para se defender. As imagens de videomonitoramento, segundo os advogados, corroboram essa tese e foram apresentadas durante o julgamento como prova.
Repercussão e segurança reforçada no julgamento
Devido à repercussão do caso, o julgamento foi transferido para o Fórum de Delmiro Gouveia, em busca de maior imparcialidade. A audiência foi marcada por momentos de tensão, com embates acalorados entre a defesa e a acusação. A forte presença policial, com efetivos do 9º Batalhão, do BOPE e viaturas descaracterizadas, garantiu a segurança durante todo o processo.
Ao final do julgamento, o juiz Caio Evangelista anunciou a decisão de absolvição, gerando alívio entre os familiares dos Gastão, que comemoraram a vitória após quatro anos de incertezas. Por outro lado, a família Benevito preferiu não se manifestar sobre o resultado.
O fim de uma espera de quatro anos
Com a absolvição, Gastão e seus filhos finalmente conquistam a liberdade após quatro anos de espera. O caso deixa um marco na história da região, gerando debates sobre conflitos familiares em áreas rurais e o uso da legítima defesa em situações extremas. Embora o veredito tenha sido favorável à família Gastão, o impacto do caso nas famílias envolvidas e na comunidade de Santa Cruz do Deserto ainda reverbera.
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