A prefeita de Batalha, Marina Dantas (PMDB), foi acusada de ser a autora intelectual de um assassinato ocorrido no dia 28 de junho deste ano, em Arapiraca. Quem fez a acusação foi Antônio Silvino dos Santos, pai de José Marcos Silvino dos Santos, 29, que foi morto a tiros próximo a um estabelecimento comercial chamado Araforros.
Ele fez a acusação durante uma entrevista que concedeu ao programa do radialista Alves Correia, na Rádio Gazeta de Arapiraca, na última sexta-feira (7).
Segundo Antônio Silvino dos Santos, o filho dele estava na companhia de outros homens, entre eles Emanuel Boiadeiro, no ano de 2006, quando eles moravam em Batalha, numa ocasião que resultou na morte de duas pessoas: um policial e um irmão da atual prefeita Marina Dantas, que na época era primeira-dama da cidade. Ela é esposa do ex-prefeito Paulo Dantas e nora do deputado Luiz Dantas, presidente da Assembleia Legislativa Estadual (ALE).
Durante a entrevista na Rádio Gazeta, Antônio Silvino afirmou que, na ocasião do crime, que teria sido cometido por Emanuel Boiadeiro, Marina Dantas jurou vingança contra os envolvidos na morte do irmão dela. “Não foi meu filho quem matou, ele apenas estava na companhia dos outros, mas quem matou foi o Emanuel Boiadeiro”, declarou seu Antônio.
De acordo com ele, por conta dessa ameaça, a família mudou-se para Arapiraca. “Ele não tinha envolvimento com nada, não era ameaçado por ninguém, e já respondia em liberdade a um processo por conta desse crime que ocorreu em 2006 lá em Batalha”, reforçou Antônio Silvino.
“Na mesma semana que meu filho foi morto, os seguranças da prefeita de Batalha estavam procurando por ele. Os mesmos que estavam procurando por ele foram os que o mataram em Arapiraca. Pelo tamanho deles e a roupa, boné, eram os seguranças da prefeita. Não tenho dúvidas. Meu filho era muito querido. A prefeita jurou em praça pública que ia matar. Então foi ela”, declarou Antônio Silvino, durante a entrevista ao programa de rádio.
Ele também ressaltou que tudo o que estava dizendo na entrevista já havia dito numa delegacia, em Arapiraca, e concluiu: “Saindo daqui de dentro (da emissora de rádio), acontecendo alguma coisa comigo, tenho certeza que foram eles”. Confira, ao final da reportagem, o áudio completo da entrevista concedida ao programa do radialista Alves Correia, na última sexta-feira (7).
A prefeita de Batalha, Marina Dantas, e os representantes da Assessoria de Comunicação do município não foram encontrados para comentar a acusação feita por Antônio Silvino. O Correio Notícia ressalta que está à disposição da gestora, caso ela queira emitir alguma nota, resposta ou conceder entrevista sobre o tema.
Emanuel Boiadeiro foi morto em Belo Monte em 2016
Emanuel Messias de Melo Araújo, mais conhecido como Emanuel Boiadeiro, 30, foi morto, segundo o pai e a mãe dele, numa trama de vingança orquestrada pelo atual chefe de Serviço da Divisão Especial de Investigação e Capturas (DEIC), da Polícia Civil, durante uma operação que tinha como objetivo prender uma suposta quadrilha de roubo a banco, realizada no dia 1° de outubro de 2016, em Belo Monte.
Ana Maria das Graças de Melo Araújo e Xisto Vieira Araújo, pais de Emanuel, concederam entrevista à equipe do Correio Notícia, no dia 21 de novembro do ano passado, enquanto o médico George Sanguinetti, contratado por eles, fazia um trabalho de perícia dentro da casa onde o filho deles e outro homem foram mortos durante a operação policial, que também resultou na prisão de outras quatro pessoas.
De acordo com Xisto Vieira, “o único responsável pela morte do filho está dentro da Polícia Civil”. Ele explicou que, em 2006, Emanuel se envolveu num duplo assassinato na cidade de Batalha.
Uma das vítimas seria pai do atual chefe de Serviço da DEIC, que, segundo a Família Boiadeiro, participou da operação do dia 1° de outubro de 2016, em Belo Monte, e teria usado a situação para praticar vingança. A outra vítima do crime ocorrido em 2006, em Batalha, era o irmão da atual prefeita, Marina Dantas.
“Agora, 10 anos depois, esse cara, aproveitando-se do governo, de um emprego que tem na polícia, desse distintivo, dessa autoridade, vir para aqui, inventar que tinha ladrão de banco aqui”, alegou o pai de Emanuel Boiadeiro, em novembro do ano passado. Ele também afirmou que, durante a operação, a Polícia teria implantado armas no local para incriminar os suspeitos.
Procurada pela reportagem do Correio Notícia na ocasião, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou, por meio de sua Assessoria de Comunicação, que não iria manifestar nenhum posicionamento sobre o caso nem sobre as alegações da família de Emanuel Boiadeiro. A SSP também esclareceu que o pai do atual chefe da DEIC não foi morto. "À família cabe se manifestar da forma que lhe convier. É um direito", finalizou a SSP.
Ouça o áudio:
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