“Não entendo o motivo dele ainda não estar preso”. Essa é uma frase de indignação da auxiliar de serviços gerais Lucilene Freitas Santos, 36, moradora da cidade de Pão de Açúcar, ao se referir ao homem identificado como Wessklay Oliveira Pereira, 36, que segundo ela estuprou e engravidou a filha dela de apenas 12 anos de idade.
A mulher, que é mais conhecida na cidade como “Poca”, aguarda há mais de um mês por uma decisão da Justiça, referente ao caso. “O delegado fez a parte dele, ao investigar o ocorrido e encaminhar o caso para a Justiça. Essa demora por parte da Promotoria de Justiça e do Poder Judiciário é absurda, até porque se trata de um caso especial, por envolver uma criança”, desabafou.
O estupro teria acontecido somente uma vez, no início de janeiro deste ano, na residência de “Cicley”, como é conhecido o acusado. A vítima relatou que tinha ido à casa para brincar com uma filha dele, como era de costume, mas que na oportunidade ele a amordaçou, levou para um quarto, amarrou na cama e cometeu o estupro.
A garota relatou ainda que depois de estuprá-la, Wessklay a ameaçou, dizendo que se ela revelasse o que tinha acontecido, mataria os dois irmãos dela, que se tratam de um menino de 10 anos e um jovem de 18 anos.
Por conta disso, a menor silenciou, mas no dia 24 de fevereiro, por causa dos constantes mal-estares que sofria, foi levada pela mãe para o hospital da cidade. Na unidade de saúde, Lucilene descobriu que a filha estava grávida de um mês e 15 dias e também ouviu dela o relato detalhista do estupro que havia sofrido.
De acordo com a conselheira tutelar Valéria Gonçalves, que acompanha o caso, o Conselho tomou conhecimento do ocorrido quando a mãe da menor procurou o órgão. Diante da situação, o Conselho encaminhou o caso ao delegado distrital e ao Ministério Público Estadual (MPE/AL).
“Também encaminhamos a menor e a mãe dela ao Creas para que lá as duas recebam acompanhamento psicológico”, informou a conselheira tutelar. “Agora estamos no aguardo das decisões que serão tomadas pelo delegado e pelo MPE”, completou Valéria Gonçalves.
Para o delegado distrital, Fernando Lustosa, não há dúvidas de que Wessklay cometeu o estupro. “O relato das testemunhas, do Conselho Tutelar, o laudo do exame de corpo delito realizado pelo Instituto Médico Legal (IML) e a ultrassonografia comprovando a gravidez da menor não deixam dúvidas de que o acusado praticou o crime. Por isso decidi o indiciar e representar na Justiça, pedindo sua prisão”, disse.
Wessklay é casado, mas na época do estupro estava separado da esposa. Depois do ocorrido, a mulher reatou o relacionamento com ele e o defende publicamente, inclusive acusando a menor de ter se relacionado com outras pessoas e de estar acusando o marido dela injustamente.
De acordo com a mãe, a vítima não está saindo de casa para que não seja alvo de alguma retaliação do acusado ou por parte de familiares dele e que por conta disso, também pelos mal-estares provenientes da gravidez, não está indo à escola onde cursa o oitavo ano e pode perder o ano letivo. “Ela está muito abatida, não se alimenta e sente dores constantes”, disse.
Preocupada com a situação, a mulher pediu à polícia que o acusado mantenha distância da menor e resolveu ingressar com uma ação na Justiça para interromper a gravidez, levando em consideração que a filha não tem condições físicas e nem psicológica de prosseguir com a gestação.
Segundo o advogado da família, existe a intenção de, com a permissão da lei, interromper a gravidez por meio de um aborto. “Já fizemos esse pedido à justiça e pedimos também um parecer do Ministério Público, que se manifestou favorável ao procedimento. Agora estamos no aguardo da decisão do juiz. Também entramos com um pedido de habeas corpus preventivo para toda a equipe médica da rede pública que venha a realizar o procedimento. Em todos esses pedidos nós anexamos o laudo do Instituto Médico Legal (IML), que atesta o ocorrido. Agora aguardamos a decisão da justiça, que deve entender esse caso como uma causa humanitária”, detalhou o advogado André dos Anjos.
Em contato com o fórum da comarca do município, a reportagem foi informada que os dois processos, o que pede a prisão do acusado e o que pede autorização para interrupção da gravidez da menor, já estão no gabinete do juiz substituto Edivaldo Landeosi e que o magistrado deverá despachar até esta quinta-feira (7).
Lucilene diz que não entende o motivo de uma pessoa apontada como autora de estupro, com fortes evidências de que praticou o crime, ainda estar em liberdade, enquanto em outros casos semelhantes ocorridos no município os acusados foram presos imediatamente. “A sensação é de impunidade”, disse a mãe revoltada.
A reportagem tentou contato com Wessklay, mas não conseguiu.
Utilize o formulário abaixo para comentar.