O suspeito que morreu em confronto com policiais, na tarde desta terça-feira (3), em Delmiro Gouveia, estava utilizando documento de um irmão morto. Ele é apontado pela polícia como autor do duplo assassinato que vitimou Ricart Lino Moreira, 33, e Fábio Elias da Silva, 33, mortos a tiros no dia 16 do mês passado.
Elias da Conceição Canuto, conhecido como “Cara de Buraco”, estava utilizando documentação de identificação no nome do irmão Danilo da Conceição, que era acusado de um homicídio e acabou assassinado em Garanhuns (PE), cidade de onde os dois eram naturais.
Segundo o delegado Rodrigo Rocha Cavalcanti, titular da Delegacia Regional de Polícia (1ª-DRP), sediada na cidade, “Cara de Buraco” e outras pessoas estavam em uma residência, na Rua Barão de Atalaia, no bairro Eldorado, em Delmiro Gouveia, quando, ao perceberem os policiais, se evadiram do local pulando muros de outras moradias vizinhas.
“Umas quatro casas depois, Elias atirou na direção dos policiais, que reagiram e o balearam. Apesar de ter sido socorrido e levado para o hospital, ele não resistiu”, relatou o delegado regional, acrescentando que o suspeito foi reconhecido por testemunhas como sendo quem efetuou os tiros que mataram Ricart e Fábio.
Na mesma ocasião, foi preso em flagrante delito Carlos Antônio da Silva, conhecido como “Kris Baía”, suspeito de associação criminosa pelos crimes de homicídio, tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. Ele é de Arapiraca e teria participado do duplo assassinato, na companhia de Elias. Outras pessoas que estavam na casa onde eles estavam também foram detidas.
Carlos Antônio da Silva, conhecido como “Kris Baía”, nega participação no crime (crédito: Fábio Guedes) |
De acordo com o delegado Rodrigo Cavalcanti, os suspeitos vinham sendo monitorados pelo Setor de Inteligência da 24ª Área Integrada de Segurança Pública (AISP), que tinha a informação de que eles haviam chegado da cidade de Garanhuns (PE), com o objetivo de praticar crimes na região.
Durante a ação, foram apreendidos dois revólveres, diversas munições e três aparelhos de telefone celular. Todo o material e os presos foram levados para a 1ª-DRP, para os procedimentos cabíveis.
Conforme o delegado regional, Elias respondia em Pernambuco a seis procedimentos criminais, sendo dois homicídios, duas tentativas de homicídio e dois roubos qualificados. “Continuam as investigações para a conclusão e finalização do inquérito policial, com respectivo relatório”, finalizou.
O crime
Segundo a Polícia Civil (PC/AL), Fábio Elias da Silva, 33, seria o alvo e Ricart Lino Moreira, 33, teria sido morto como queima de arquivo, ou seja, foi assassinado porque poderia ser uma testemunha que levaria a polícia até os criminosos.
“Os dois estavam juntos, quando, de acordo com testemunhas, um carro parou próximo, uma pessoa desceu e atirou em Fábio e depois em Ricart, que ainda tentou correr, mas foi atingido e morreu”, disse o delegado Rodrigo Cavalcanti, titular da Delegacia Regional de Polícia (1ª-DRP), sediada em Delmiro Gouveia.
Conforme o delegado, testemunhas relataram que o assassino era galego, de estatura baixa, trajava camisa amarela e bermuda ou calça jeans e calçava tênis. “Podemos adiantar ainda que ele atirou com uma pistola calibre .380”, acrescentou.
Para Rodrigo Cavalcanti, não há dúvidas de que a morte de Fábio foi premeditada e que se trata de execução. “Sabemos que ele vendia joias em Delmiro Gouveia e Petrolina, no Pernambuco. O crime pode estar relacionado ao negócio dele, mas também pode estar relacionado a uma questão pessoal. Quem matou estava com muita raiva”, disse.
De acordo com o delegado, Fábio viajava muito para a cidade de Petrolina, inclusive tinha chegado recentemente de lá, mas um levantamento da vida pregressa dele indicou que ele não tinha problemas aparentes, principalmente com drogas e envolvimento em crimes. “O mesmo aconteceu com Ricart, que trabalhava em uma loja da cidade e também levava uma vida tranquila na sociedade”, relatou.
Em meio à investigação, o delegado não descarta a possibilidade de que as vítimas tenham sido mortas por engano. Cavalcanti explicou que outra pessoa, cuja identidade foi preservada por ele, estava no local do crime e tinha acabado de sair, no momento do atentado. A suspeita é de que ela fosse o alvo da investida.
Imagens de câmeras de segurança do perímetro de onde aconteceram os assassinatos mostram o carro utilizado no crime. Vídeos mostram o momento em que um carro Volkswagen Golf, de cor branca e placa não identificada pelas imagens, surge do bairro Bom Sossego, passa em frente do local onde as vítimas estão e faz o retorno por trás do quarteirão.
Várias câmeras filmaram o veículo, de vidros escuros, mas nenhuma conseguiu capturar nitidamente a placa, no entanto, de acordo com o delegado Rodrigo Cavalcanti, uma equipe técnica da Polícia Civil está verificando as imagens e pode identificar a placa, levando a polícia aos autores do duplo homicídio.
Por outro lado, ainda segundo o delegado, uma testemunha informou que o carro teria placa do município de Petrolina (PE), mas que não havia conseguido anotar. “Ela relatou que o veículo passou muito rápido, o que lhe chamou a atenção, mas que conseguiu memorizar apenas o nome da cidade que viu na placa”, afirmou.
Não há imagens que mostram o momento do assassinato, mas o carro tem as mesmas características repassadas por testemunhas que presenciaram o crime.
Ação para prender suspeitos teve participação de policiais civis e militares (crédito: Fábio Guedes) |
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