Não é como foi noticiado até agora, garante a família de Gastão Batalha Pereira, 53, e dos filhos dele Janiel da Silva Pereira, 31, e Jamerson da Silva Pereira, 34, todos presos pelo assassinato dos irmãos Gilberto Batalha da Silva, 40, e Manoel Messias Batalha da Silva, 49, ocorrido em 2020, no povoado Santa Cruz do Deserto, em Mata Grande.
Os familiares dos acusados disponibilizaram para o Correio Notícia imagens que recontam o que aconteceu na manhã do dia 13 de fevereiro daquele ano. Câmeras de videomonitoramento instaladas na residência de um dos filhos de Gastão flagraram toda a confusão.
As imagens mostram Gastão próximo a um trator que ele estava consertando, quando, por volta das 6h43, chegam cada um em uma moto os irmãos Messias e José Luiz Batalha Silva de Macedo, mais conhecido como “Neném”, 36. Eles discutem com o desafeto. Conforme testemunhas, nesse momento Messias dizia que Gastão iria pagar pela vaca morta, enquanto ele afirmava que não iria pagar por nada porque não havia tirado a vida do animal.
Ao ver o pai cercado pelos irmãos Batalha, Jamerson, mais conhecido como “Naninho”, aproxima-se e discute com os desafetos do pai. Durante a discussão chegaram mais dois irmãos de Messias e Neném: Gilberto, mais conhecido como “Beto”, de moto, e Antônio Marcos Batalha da Silva, conhecido como “Marcos”, 39, a pé acompanhado de um filho menor de idade.
Segundo testemunhas, quando chega ao local, Marcos ordena que o irmão Messias esfaqueie o patriarca da família Gastão. “Mata esse filho da febre do rato, mete a faca nele”, teria dito ele, segundo relato à polícia de testemunhas que presenciaram o ocorrido.
Armado com uma faca na cintura, Messias desfere uma facada na direção de Gastão, mas ele se livra do golpe que atingiria o pescoço. Longe do alcance das câmeras, depois de sofrer a tentativa de homicídio, conforme testemunha, Gastão se afasta, saca um revólver da cintura e atira no agressor, que mesmo ferido com pelo menos quatro tiros, ainda tenta esfaquear o desafeto.
Jamerson, filho de Gastão, conseguiu tomar a faca e aplicou alguns golpes em Manoel Messias, que ainda insistia na luta corporal com os desafetos, mesmo já baleado e esfaqueado. Mas depois de ser atingido com outros tiros e facadas e ter o braço quebrado, ele correu para um corredor próximo, onde pouco tempo depois caiu desfalecido. O vídeo mostra esse momento.
Janiel da Silva Pereira, conhecido como “Niel”, 31, outro filho de Gastão, entrou na confusão no momento em que, segundo ele, percebeu que “Beto” iria esfaquear o pai pelas costas. Ele atirou contra “Beto” com espingarda, mas no momento de recarregar a arma acabou atacado por Antônio Marcos. Gastão e Jamerson já estavam sem munições, mas foram ajudar “Niel”. Eles conseguiram duas facas, com as quais esfaquearam “Marcos” nas costas e na cabeça.
Sem chances, Marcos fugiu, inclusive com uma faca encravada nas costas. “Beto”, ao ser atingido por Janiel, correu para o corredor onde o irmão Manoel Messias estava ferido. “Neném”, o primeiro a chegar no local acompanhado do irmão Manoel Messias, acompanhou toda a confusão de perto, mas não se envolveu, de modo que não sofreu nenhum ferimento. As imagens das câmeras mostram quando “Beto” cai morto praticamente nos pés dele.
As imagens enviadas ao Correio Notícia registraram apenas até esse momento, mas segundo familiares das vítimas, apesar de estarem gravemente feridos, os irmãos ainda estavam com vida, quando os acusados teriam retornado ao local e terminado de os matar com facadas e tiros. Os acusados negam a acusação.
Ouça entrevista concedida ao Correio Notícia em 2020 pelos irmãos sobreviventes:
Prisão dos acusados
Pai e filhos fugiram do local do crime, mas seis dias após o crime os três se apresentaram na Delegacia Regional de Polícia de Delmiro Gouveia (1ª-DRP), acompanhados de um advogado. Os três alegaram que agiram em legítima defesa. Como não havia flagrante e mandado de prisão expedido contra eles, foram ouvidos e liberados pela polícia.
No dia 19 de maio deste ano Gastão, Janiel e Jamerson foram presos durante uma ação da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/AL) em Lajedo, no estado de Pernambuco. Na ocasião eles foram encontrados em uma chácara, onde foram apreendidas duas pistolas calibres 9mm e uma espingarda calibre 12, além de várias munições.
Os familiares alegam que as armas apreendidas estão registradas e que Gastão e os dois filhos detinham a autorização de posse delas.
Quanto às mortes em Mata Grande, a defesa de Gastão e os filhos Janiel e Jamerson continua sustentando que eles agiram em legítima defesa e utilizam as imagens das câmeras de segurança como prova. Os três tiveram dois pedidos de habeas corpus negados e agora tentam outra vez conseguirem a liberdade na Justiça.
Por outro lado, os três estão na iminência de um julgamento, onde serão submetidos a júri popular.
Assista ao vídeo:
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