A reportagem do portal Correio Notícia foi até a cidade de Belo Monte, na última segunda-feira (21), para acompanhar os trabalhos do perito criminal George Sanguinetti na casa onde, em outubro deste ano, Emanuel Boiadeiro e outra pessoa foram mortos em uma operação policial.
O perito, que tem fama nacional, foi contratado pelos pais de Emanuel, que não concordam com a versão da polícia de que o filho reagiu durante a operação, e por isso, foi morto.
“Fuzilaram meu filho e o companheiro de quarto dele. A polícia já fez uma perícia e não podemos aceitar uma perícia desse tipo, onde tudo foi adulterado”, disse Maria das Graças, mãe de Emanuel.
“Depois da perícia de Sanguinetti, vamos ver se houve troca de tiros, porque a população diz que os tiros eram pela rua, na beira do rio. A polícia atirando para cima, atirando de cima da casa para baixo e dentro da casa. A prova está lá”, disse o pai de Emanuel, Xisto Vieira.
Acompanhado de um técnico e de um primo de Emanuel, Sanguinetti iniciou a perícia no quarto onde aconteceram as mortes. “Toda investigação criminal inicia no local da morte”, disse o perito.
Os trabalhos continuaram em outros cômodos da casa, onde depois o acesso foi liberado à imprensa que cobre o caso. “Aqui não indica em nenhum momento nenhuma reação por parte das vítimas, isso que me chamou atenção. Toda a concentração de tiros e violência aconteceu no quarto”, frisou Sanguinetti.
Em menos de 30 minutos de trabalho no local, Sanguinetti já tinha uma preliminar da perícia. “Os ferimentos que ele recebeu foram no quarto. Cai por terra qualquer possibilidade de troca de tiros”, explicou o perito.
Ele também indicou qual será o próximo passo na investigação. “Se o laudo cadavérico, quando chegar às minhas mãos, for ajustado aos meus achados, irei trabalhar e vou oficiar ao Ministério Público e ao juiz o que aconteceu. Mas se existir discordância, vou solicitar uma autorização para a exumação”, narrou Sanguinetti.
A movimentação na pequena cidade do Sertão de Alagoas, localizada à margem do Rio São Francisco, chamou a atenção dos moradores. Algumas pessoas colocaram flores em frente da casa periciada.
“Da outra vez que viemos tinha várias pessoas chorando na calçada e, ao chegarmos, tinham flores na porta. Acho que não havia motivos para fazer o que fizeram com Emanuel de forma alguma”, disse o irmão dele, Thiago Boiadeiro.
Procurada pela reportagem do Correio Notícia, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou, por meio de sua assessoria, que não iria manifestar nenhum posicionamento sobre o caso nem sobre as alegações da família de Emanuel Boiadeiro.
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