A equipe do Sindpol formada pelo vice-diretor jurídico, Ricardo Nazário, pelo conselheiro fiscal, Jânio Vieira Barbosa, e um agente, chegou à delegacia de Delmiro por volta das 18h30 e teve uma reunião com os policiais, na qual foram expostos os motivos pelos quais a categoria aderiu à greve.

Os policiais explicaram que a categoria tentou entrar em um acordo com o Governo do Estado, mas não obteve êxito. Depois, realizaram um ato público no Complexo de Delegacias Especializadas (Code), em Mangabeiras, Maceió, com o objetivo de chamar a atenção das autoridades e sociedade em geral. Após esses acontecimentos, realizaram, na tarde da última sexta (18), uma assembleia geral, no auditório do Sindicato dos Urbanitários, em Maceió, e a grande maioria presente decidiu deflagrar greve por tempo indeterminado.

A pauta de reivindicações contém 23 itens, entre eles estão melhores condições de trabalho, remuneração de 60% do piso de um delegado de polícia, cujo salário inicial é R$ 14 mil, e a revisão do Plano de Cargos e Carreiras (PCC).

Para os policiais da DRP de Delmiro, todos os itens são essenciais, mas segundo eles, um dos principais se trata das melhores condições de trabalho. Pois a delegacia se encontra superlotada: tem capacidade para abrigar 24 detentos, mas hoje está com 74 presos em condições precárias e insalubres.

Em relação às condições precárias, um agente policial civil, plantonista da carceragem de Delmiro que preferiu ter a identidade preservada, encontrou, nesta quarta-feira (20), centenas de focos do mosquito Aedes aegypti ao lado do prédio da delegacia. Os focos foram descobertos durante uma breve inspeção em uma poça d’água, ocasionada por uma infiltração. Agentes de endemias da cidade foram chamados e realizaram o combate ao mosquito.

O policial civil da delegacia de Mata Grande, Paulo César, expôs a sua indignação pois, segundo ele, está há mais de um ano sem receber a progressão. “Dei entrada há mais de um ano, já fui em Maceió e o processo está todo certo. Meu salário não aumentou, estou sem receber o retroativo e preciso desse dinheiro”, disse ele.

Durante a reunião, os representantes do sindicato falaram aos civis que os policiais do Núcleo de Inteligência, da Delegacia de roubo a banco, da Delegacia de Captura, do Setor de monitoramento, da Delegacia Interativa, do Tático Integrado de Grupamentos de Resgates Especiais (Tigre), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Operação Policial Litorânea Integrada (Oplit) e da Delegacia de Antissequestro aderiram à greve. Eles ainda informaram que essa foi a primeira vez na história que essa adesão aconteceu e que cerca de 30 policiais colocaram à disposição do Governo de Alagoas os cargos de chefias e gerências da instituição.

Nesta quarta-feira (20), a equipe do Sindpol visitou, além de Delmiro, outras delegacias do Sertão do Estado. Na manhã desta quinta-feira (21), as visitas serão retomadas.

Com a decisão da greve, os civis que aderirem ao movimento não poderão executar 15 itens, sendo eles: confecção do boletim de ocorrência, do termo circunstanciado de ocorrência (TCO), apreensão de materiais sem autoria, levantamento preliminar do local do crime (acionar a Força Nacional), remoção de presos (BOPE/PM), movimentação de presos para audiência (acionar a PM), investigação de qualquer crime, não permitir visita a preso (delegacia, regional e centrais), usar viatura caracterizada, homologar os boletins de ocorrências, embarque de armas de fogo e confecção do BO (Posto do Aeroporto), cumprimento de mandado de prisão e busca e apreensão, boletim de ocorrência circunstanciada (BOC), procedimento para oitiva e rondas. Os adeptos só irão fazer o flagrante delito.

Policiais do 28° Distrito Policial de Mata Grande também aderiram à greve (Foto - Cortesia para o Correio Notícia)