Foragido há cerca de duas décadas, após ser condenado a 22 anos de prisão pela Justiça de Alagoas, Antônio José dos Santos, conhecido como “Toinho da Barra”, 65, foi preso nessa terça-feira (9), no interior da Bahia.
A condenação de 22 anos é referente à participação de “Toinho da Barra” no assassinato do comerciante de Pão de Açúcar Luiz Antonio Monteiro Torres, morto a pauladas em um bar, de propriedade da vítima, em 22 de fevereiro de 2002.
Depois de ter a prisão decretada em 2006, "Toinho" conseguiu fugir após ser internado em um hospital de Aracaju, com uma suposta crise hipertensiva.
No crime que vitimou o comerciante também participaram o empregado da vítima, Joelson Rodrigues de Oliveira, o tio de "Toinho", conhecido como Pedro e seu primo, Alexandre Matos. Eles teriam fechado as portas do bar e matado o comerciante a pauladas. O motivo do crime seria o suposto envolvimento do empresário com a esposa de "Toinho da Barra".
Desde que fugiu, o homem conseguiu documentos falsos, se passando por José Antônio Andrade dos Santos. Os documentos falsos foram apreendidos pela polícia da Bahia. "Toinho" também passou por cirurgia plástica para ajudar na fuga.
Porém, "Toinho da Barra" ficou mais conhecido após a chachina que vitimou o candidato a prefeito de São José da Tapera, Wellington Fontes, na Churrascaria Brasília, as margens da AL-220, na noite de 10 de janeiro de 1984. Wellington foi morto com tiros de metralhadora e espingarda ao lado do advogado João Alves da Silva, o “João de Mércia”, e o agricultor Givaldo Ferreira dos Santos.
No momento que os pistoleiros invadiram o local, que estava repleto de pessoas jantando e assistindo televisão, Wellington ainda tentou fugir, mas foi atingido com um tiro de espingarda calibre 12 por baixo de um dos braços no momento que tentava pular um muro.
Conforme o inquéirto presidido pelo delegado especial no caso, Francisco Pinheiro Tavares, após as vítimas chegarem ao local depois de uma partida de futebol, acompanhado dos pistoleiros Sérgio Caetano da Silva e Orlando de Almeida Carvalho, “Toinho da Barra” cercou o local e matou as vítimas.
De acordo com uma reportagem do jornal Tribuna de Alagoas, do dia 20 de janeiro de 1984, o tenente da reserva Pedro Araújo da Silva, que na época da chacina atuava como delegado em São José da Tapera, foi exonerado do cargo por suspeita de participação direta ou indireta no crime. Ele chegou a ser indiciado em inquérito.
Para substituí-lo no cargo o secretário de Segurança Pública do Estado, Ardel Jucá, indicou o tenente José Agamenon Oliveira da Silva. O governador naquele ano era Divaldo Suruagy.
Ainda segundo a reportagem da Tribuna, Elísio Maia, que era prefeito de Pão de Açúcar, tido como um dos “coronéis” do Sertão, teve a prisão decretada pela Justiça. Na epoca o prefeito de São José da Tapera era Ênio Ricardo, cujo antecessor foi Hermes Maia, filho de Elisio, que apoiou naquele ano a eleição de Ênio contra Wellington. Ênio Ricardo, pai do atual prefeito Jarbas Ricardo, foi executado em julho de 1995.
No pedido de prisão foi pontuado que “a respeito do primeiro representado, Sr. Elísio da Silva Maia, apontado como sendo autor intelectual dos ilícitos penais aqui noticiados, convém salientar tratar-se de pessoa de reconhecida influência política e social, além de possuir privilegiada situação econômica, no município de São José da Tapera, a sua liberdade influirá induvidosamente na colheita de prova testemunhal, prejudicando a elucidação dos fatos que levarão à conclusão da responsabilidade penal que lhe vem sendo imputada”.
Em outubro de 1984 – nove meses após a “Chacina de Tapera” – o Tribunal de Justiça de Alagoas inocentou todos os acusados pelo crime, entre eles o então prefeito de Pão de Açúcar, Elísio Maia.
Na ocasião, segundo reportagem do dia 19 de outubro de 1984 do extinto Jornal de Alagoas, o desembargador Olavo Cahet, que presidiu uma das Câmaras Criminas do Tribunal de Justiça, anunciou a impronúncia dos réus. A pronúncia para os acusados havia sido decretada pelo juiz de Olho D’água das Flores, Aderbal Mariano, que também respondia por Tapera.
A reportagem informava ainda que os três desembargadores da época, sendo eles Olavo Cahet, Benedito Barreto Acioly e o relator José Marçal Cavalcanti, por unanimidade de votos, decidiram pela despronúncia e alegaram que “nos autos não existem provas contra as pessoas que foram acusadas".
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