No mês em que a execução do vereador de Batalha Adelmo Rodrigues de Melo, mais conhecido como "Neguinho Boiadeiro", 51, completa três anos, familiares da vítima pedem que a Polícia Civil de Alagoas (PC/AL) e a Justiça esclareçam o caso e deem os nomes dos assassinos.
Era tarde de 9 de novembro de 2017. O vereador tinha participado de mais uma sessão da Câmara e, após entrar em seu veículo junto com o policial civil Joaquim Lins Pirauá Neto, foi surpreendido por dois homens armados de pistola que começaram a atirar. A precisão dos disparos chamou a atenção.
A maioria dos tiros alvejaram "Neguinho’" que morreu na hora. O policial, baleado, foi socorrido para um hospital da região.
Após a morte do pai, José Márcio Cavalcanti de Melo, o "Baixinho Boiadeiro", foi até a casa do ex-prefeito de Batalha, José Emídio Dantas, e atirou contra ele, lhe atingindo em um dos ombros.
Em uma gravação de vídeo, "Baixinho" disse que o pai havia sido assassinado por adversários políticos porque estava investigando um esquema que envolvia políticos de Batalha e funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE).
Na gravação, "Baixinho" afirmou ainda que o esquema envolvia 17 pessoas que, sem saber, "emprestavam" os dados pessoais para serem incluídos na folha de pagamento salarial da ALE e da Prefeitura de Batalha, onde recebiam entre R$ 12 mil e R$ 17 mil por mês. A denúncia nunca foi confirmada.
Em fevereiro do ano seguinte, a Polícia Civil prendeu Rafael Pinto e Maikel dos Santos. Os dois foram apontados na época como os homens que atiraram contra "Neguinho". Dias após, mais duas pessoas foram presas acusadas de envolvimento na morte.
O vereador por Batalha Alex Sandro Rocha Pinto (PMN), o "Sandro Pinto", o sobrinho dele Rafael Pinto e o amigo Maikel dos Santos foram levados para o Presídio do Agreste, onde permaneceram vários dias, sendo libertados por determinação da Justiça, que não encontrou sustentação nas alegações da polícia. Em uma entrevista coletiva, o vereador "Sandro Pinto" disse que foi usado pela Polícia Civil para assumir um crime que nunca cometeu.
Chama a atenção o depoimento da testemunha ocular da morte de "Neguinho", o policial Joaquim Pirauá, que falou que não reconheceu nenhum dos presos acusados.
Ainda no depoimento, o policial afirmou que, logo após o assassinato, um outro policial, de prenome Jimmy, que trabalhava em Batalha, lhe mostrou fotos de dois homens que tinham as mesmas características dos matadores, porém os suspeitos, de seu conhecimento, nunca foram presos.
Agora, a filha da vítima, Maria Conceição Cavalcanti de Melo, a "Bahia Boiadeiro", diz que a família ainda aguarda que seja feita Justiça e que os verdadeiros culpados sejam punidos.
A jovem disse ainda que a família se sente ameaçada por conviver com a incerteza e o medo, por não saber quem são os mandantes e o motivo da morte.
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