O deputado federal por Alagoas Givaldo Carimbão (PHS) divulgou, nesta quarta-feira (6), uma carta aberta para explicar o posicionamento que está tomando a respeito do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Entre tantas justificativas, o parlamentar diz que votar a favor do impedimento seria rasgar sua biografia.
Confira a carta na íntegra:
Eu, deputado federal Givaldo Carimbão, subscritor deste documento, venho expor a minha posição, referente à votação do impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. Tenho 58 anos de idade, com quase 30 anos de mandatos ininterruptos, ou seja oito mandatos consecutivos. A sociedade alagoana conhece bem a minha história, e parte do povo brasileiro também. Como vereador em Maceió, por 10 anos, tive a honra de exercer a liderança nos Governos Guilherme Palmeira, João Sampaio, Pedro Vieira, Ronaldo Lessa e Katia Born. Desafio quem prove que em algum desses momentos troquei o meu apoio por cargos na administração. Por outro lado, atuei na Comissão do Plano Diretor originário de Maceió, na condição de presidente, fui autor do código municipal de meio ambiente, onde posteriormente me tornei secretário de meio ambiente. Como líder, defendi e conseguimos aprovar o fim das indicações políticas ao cargo de diretores das escolas municipais, aprovando assim a eleição direta para estes cargos. Fui o fundador e primeiro presidente do conselho municipal da criança e adolescente de Maceió. Fui presidente da Associação dos Mutuários do Brasil, secção Alagoas, na época áurea do BNH.
Na primeira fase da minha vida como vereador, nunca me envolvi em qualquer escândalo em Maceió, durante meus mandatos.
Em 1988, tive a honra de participar do memorável movimento das diretas já, com pessoas como o saudoso menestrel das Alagoas, o velho Teotonio Vilela, Selma Bandeira, Ronaldo Lessa, Eduardo Bonfim, Freitas Neto, Jarede Viana, Enio Lins, Katia Born, Edberto Ticianelli, Anivaldo Miranda, entre tantos outros militantes que davam seu sangue e sua vida em defesa da democracia e da liberdade brasileira.
Lutei, de 1979 a 1983, pela anistia ampla geral e irrestrita, que possibilitou o retorno de vários dos nossos irmãos brasileiros, entre eles: Miguel Arraes, Brizola, o sociólogo Betinho, idealizador da campanha nacional Fome Zero, José Serra, dente outros.
Lutei contra o arbítrio e o regime de exceção instalado pela ditadura militar, em 1964, que durou mais de 20 anos.
Eleito deputado federal, em 1998, pelo PSB, tive a honra de ter tido como professor de convivência direta Miguel Arraes, além da convivência política e militância com Leonel Brizola, Ulisses Guimarães, Saturnino Braga, André Franco Montoro, dentre outras lideranças da ilustre história política brasileira.
Fui deputado federal no exercício do mandato do presidente FHC, onde fiz um mandato 100% na oposição, tudo devidamente registrado nos anais da Câmara Federal, pois sempre estive em defesa dos movimentos sociais e populares e contrário às políticas neoliberais daquele Governo FHC.
Militei fortemente no movimento nacional "Fora FMI" em diversas atividades.
Lutamos juntos incansavelmente e militei para eleger o primeiro presidente da república oriundo da classe trabalhadora. Conseguimos eleger Lula presidente da república.
Na reeleição do presidente Lula, mais uma vez estávamos juntos, garantindo a continuidade do mandato deste grande presidente de origem humilde das classes trabalhadoras. Nestes dois mandatos, várias conquistas sociais foram alcançadas, foram milhões de brasileiros que saíram da faixa da pobreza e da miséria. Lembro como hoje, a luta do meu companheiro deputado Paulo Paim, hoje senador da república, para que o salário-mínimo chegasse ao valor de 100 dólares, hoje o salário mínimo ultrapassa os 200 dólares graças à política salarial implantada pelo presidente Lula. A nossa velha luta do "Fora FMI" foi alcançada também no Governo do presidente Lula, saindo pela porta da frente, sem rasgar nenhum contrato internacional. O Brasil libertou-se definitivamente do FMI, chegando ao ponto de passarmos de devedores à credores do Fundo.
O povo brasileiro começou a ter carro, casa, comida na mesa, direito à educação de qualidade, ensino técnico e universidades espalhadas em todo o país, como o exemplo do Campus da Universidade Federal de Alagoas, no alto sertão, em Delmiro Gouveia.
O canal do sertão, que era o grande sonho do sertanejo alagoano, foi alavancado no governo do presidente Lula. Esta obra, que se arrastava há mais de 20 anos, foi definitivamente destravada. Obra orçada em mais de 4 bilhões de reais e que já está em quase 50% concluída.
Outros programas sociais importantes, a exemplo do Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, Ciência Sem Fronteiras, Luz para Todos, Água para Todos PROUNI, PRONATEC dentre outros, foram avanços sociais que o pobre jamais esperava alcançar no nosso país.
Com o meu apoio, conseguimos eleger a primeira mulher presidente da República, Dilma Rousseff, para dar continuidade às conquistas sociais do Governo Lula, política econômica, social e demais conquistas.
Mantendo a tradição de sempre militar nos partidos da esquerda, exerci a liderança do PSB, no Governo Dilma. Em seguida, quando dois novos partidos obtiveram registro junto ao TSE, sendo o Solidariedade, notadamente de oposição ao Governo Dilma e o PROS, que nasceu com o propósito de dar sustentação ao governo. Naquele momento, fui o primeiro deputado a me filiar ao PROS e tive a honra de assumir, mais uma vez, a liderança, agora dessa nova bancada, dando apoio mais uma vez ao governo da Presidenta por mais um biênio (2013 e 2014). No final de 2015 e início de 2016, mais uma vez assumindo a liderança, continuei na defesa das conquistas deste Governo.
Recentemente, com o advento da reforma eleitoral, me filio ao Partido Humanista da Solidariedade (PHS), onde mais uma vez, me torno líder de bancada, sempre com o compromisso de defender as causas humanistas, populares e sociais.
Tudo listado acima, demonstra que sempre atuei no campo das ideias progressistas desse país.
Agora, reconheço que vivemos um momento crítico, de economia frágil, desemprego acentuado, mas tenho convicção de que não será com o impeachment da presidenta Dilma que, como num passe de mágica as coisas serão resolvidas. Afinal de contas, como dizia Lenin, a política é o motor da economia. Se alguém, nos Governos Lula e Dilma, cometeu algum crime, que preste contas à justiça.
Quero render minhas homenagens ao judiciário brasileiro, Ministério Público e Polícia Federal, que têm feito o seu papel e reconheço os avanços e lamento os eventuais excessos, mas defendo que, quem errou que pague pelos seus erros. Entretanto, até hoje, não encontrei nenhuma vírgula que indique que a presidente Dilma cometeu qualquer tipo de desonestidade. Até que me prove o contrário, Dilma é uma mulher honrada. Não há crimes, não há provas e não é justo!
Assim sendo, peço a compreensão dos meus eleitores, que eventualmente estejam esperando que eu possa votar a favor do impeachment da presidenta. Quero dizer-lhes que depois de quase 20 anos como deputado federal, sendo quatro anos na oposição ao Governo FHC e 13 anos apoiando diretamente aos Governos Lula e Dilma, votar a favor do impeachment seria rasgar a minha biografia. Na minha história de vida, nunca abandonei os meus ideias e os meus companheiros.
Estou onde sempre estive, ao lado das forças progressistas, dos movimentos humanistas e sociais, em respeito às minorias, em defesa das garantias constitucionais, na defesa intransigente da democracia, da liberdade e do estado democrático de direito e continuarei aqui.
Givaldo Carimbão
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