Tenho visto muita coisa nesta vida. E o Mundo tem uma porção de coisas pra gente vê mesmo. William Shakespeare disse que há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia.
Pois bem, mesmo tendo visto uma porção de coisas entre o céu e a terra, ainda fico boquiaberto com algumas coisas que vejo. A última coisa que me surpreendeu foi o “castigo” aplicado por uma das turmas do Supremo Tribunal Federal ao Senador Aécio Neves.
Não simpatizo com a esquerda, mas também não vou muito com a cara de Aécio. Algo nele não cheira bem! Por favor, não me interpretem mal. Não estou dizendo que Aécio não cheira bem. Acredito que ele cheira muito bem, pois deve usar excelentes perfumes!
Mas, fungadas à parte, fiquei um tanto admirado com o “castigo” que o Supremo aplicou a Aécio. E quando falo “castigo”, não estou usando a palavra em seu contexto jurídico. Na verdade, refiro-me ao “castigo” que os pais aplicavam àquele filho meio “arteiro”, “traquino”, “buliçoso”, “maluvido”, “abelhudo”, “impossível”, “danado”, “reinão” ... acho que vocês estão entendendo.
Durante a infância eu recebia essas alcunhas dos meus pais, que sempre proferiam-nas contra minha inocente pessoa, logo após eu ter cometido algo errado. Então, geralmente, meus pais me castigavam.
Já em relação a Aécio, quem lhe pôs de “castigo” foi uma turma do Supremo. Quando era menino eu tinha minha turma. Aécio, mesmo não sendo menino, parece que também tem a turma dele.
Pelo que pude constatar, o então Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo que prende-se o Senador Aécio Neves, e também que fosse afastado do Senado. Primeiro pensei se seria possível alguém ser preso e, mesmo trancafiado, continuar na função de senador da República (ou em qualquer outra). Mas, como no Brasil não existe mais parâmetro para absurdos, e levando em consideração que somos a Nação que elege, e reelege, Tiririca, digo, Sua Excelência o Depurado Federal Tiririca, para ser membro do Congresso Nacional, ou seja, para ser legislador (e depois elogiamos ele apenas por não faltar às sessões), então me lembro que aqui no Brasil tudo pode.
Pois bem, eu pensava que esse negócio de colocar alguém “de castigo”, como se dizia, era função dos pais, dos avós ou dos professores. É que em minhas infrações infantis, essas eram as “autoridades” que me condenavam ao castigo, o qual, geralmente, era algo do tipo “vá para o seu quarto”.
E eu ia...
Como ia dizendo, o Procurador Geral da República pediu a prisão de Aécio, que, por ser Senador da República, tem a famosa “prerrogativa de foro”. Por tanto, será o Supremo Tribunal Federal quem julga esse pedido.
O Supremo então tomou uma decisão que me deixou surpreso. É que uma das turmas do Supremo, entendeu que ele não deveria ser preso, mas sim deveria mesmo era ficar de castigo. E o castigo é o seguinte: Aécio está proibido de sair de casa à noite.
A turma do Supremo foi muito boa com Aécio. Quando era criança, eu tinha minha turma. Parece que Aécio também tem a dele!
Lembrei-me que às vezes eu também era proibido de sair de minha casa à noite. Muito embora eles alegavam que era para o meu bem que me proibiam de sair à noite, eu, com minha “vasta experiência de vida”, pois já contava com aproximadamente 8 anos de idade, o que me tornava, segundo pensava, alguém extremamente preparado para a vida, não acreditava que meus pais estavam preocupados comigo. Pensava mesmo é que aquela proibição de sair à noite era um castigo.
Então hoje eu conclui que meus pais não erraram quando me castigavam, enviando-me para meu quarto, nem quando me proibiam de sair à noite. Na verdade eles só agiam assim pelo fato de gostarem de mim. E o interessante é que eles usavam, já naquela época, a mesma medida que o Supremo usa atualmente para punir os meninos traquinos de hoje em dia.
De fato, meu pais faziam aquilo porque gostavam e se preocupavam comigo.
Sendo assim, então só cheguei a uma conclusão: assim como meus pais se preocupavam e gostavam de mim, o Supremo também gosta e se preocupa com Aécio Neves, pois proibiram ele de sair de sai casa à noite.
Acredito que, como eu, durante minha infância, Aécio também não sabe que à noite existem muitos perigos, principalmente em Brasília. Lá tem muitos ladrões. Como meus pais, que estavam pensando no que seria melhor para mim, o Supremo também está apenas pensando no melhor para Aécio.
O Supremo agiu com Aécio como meus pais agiam comigo. O Supremo é um “pai” para Aécio.
Hoje eu agradeço aos meus pais, e Aécio um dia também agradecerá ao Supremo.
Não sei exatamente o que Aécio fez, mas não deve ser algo muito grave, pois teve o mesmo castigo que o meu, quando eu “aprontava” minhas meninices. Uma vez, com minha “espingarda de ar-comprimido”, quebrei a lâmpada do poste que ficava ao lado de minha casa. Outra vez joguei uma bexiga cheia de água na varanda do vizinho. Esses foram os piores atos que já pratiquei. Muito me envergonho. E por atos como estes é que eu ficava de castigo.
É por isso que acredito que Aécio deva ter praticado coisas semelhantes, pois teve um castigo semelhante ao meu.
Só não entendi uma coisa?!
É que vi na TV que alguns colegas de Aécio, que praticaram os mesmos atos que ele, não ficaram de castigo, mas foram presos. Meus pais eram justos, ou seja, se a “traquinagem” cometida era a mesma, eles davam sempre o mesmo castigo a mim e a meus irmãos. O Supremo deveria ser mais justo, e aplicar o mesmo castigo quando estivesse diante das mesmas “traquinagem”.
Talvez Aécio não tenha sido preso como os seus colegas, que estão presos até hoje, mas tenha apenas ficado de castigo, pelo fato de que lá no Supremo Aécio tem uma turma de amigos. É sempre bom termos nossas turmas de amigos! Ajuda muito!
Há mais coisas entre Aécio e o Supremo do que pode imaginar nossa vã filosofia!
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