Em 2013 finalmente pousou em minhas mãos o livro “A rua da frente — Memorias de um tempo que nunca morre”, de Gecildo Queiroz. Ganhei de uma colega de sala, em confraternização, no tempo em que estudávamos na UNEB. Confesso que em meio à festa de vez em quando eu folheava o livro. Retornando para Delmiro, lá pelas 22 horas, eu já estava bastante envolvido com a leitura, avançando seis ou sete capítulos, independente das sacudidas do nosso ônibus municipal.
Me parece que o livro de crônicas foi produzido e publicado pelo próprio autor, que por isso demonstrou coragem e potência, pelo “Chamado à escrita”, muito raras, sobretudo nos tempos difíceis de 2013. Todos sabem que ainda hoje não é fácil a nenhum mortal publicar seu próprio livro. Todavia, naquela época, Genilson já era uma referência para nós, em seu segundo livro, após o “Jardins de Hipocrisia”.
Gecildo Queiroz também é escritor e humorista nascido e criado em Paulo Afonso-BA. Ele é grande protagonista e dinamizador da cena paulafonsina. Certa vez nos falou: “Sonhos precisam de pernas, muito mais do que asas.” Eis uma das suas frases que nos ensina que o pé no chão faz seu primeiro passo à realização de qualquer projeto de vida, por mais difícil que seja.
O livro “A rua da frente — Memorias de um tempo que nunca morre” tem 130 páginas na segunda edição que possuo. É dedicado à memória do seu pai, Seu Marinho, e tem 22 dois capítulos de crônicas, sendo destacas as “Comportas de Lágrimas” e o Papa-Fila”. Esta primeira crônica apresenta a emoção do autor ao assistir a grande cachoeira de Paulo Afonso derramar-se poderosa por entre as rochas. Diante do que via, o autor enchia-se de orgulho por pertencer aquele lugar extraordinário. O “Para-Fila” era um transporte utilizado para levar a alunada até a Escola Rural Ministro Simões Lopes; daí renderam várias histórias.
Gostei muito do capítulo, “A prima da vizinha”, que nos apresenta de forma leve e descontraída o rito de passagem da infância do menino Genilson à adolescência do autor. Nos diz ele de início: “Embora ainda achasse as mulheres, mesmo as pequenas, muito estranhas e diferentes dos homens e meninos, alguma coisa estava mudando...; e não há quem não se identifica com frase tão universal! O livro é muito bom, e ainda temos as belíssimas ilustrações de Ênio Matheus Lopes ampliavam ainda mais o poder das narrativas.
Segundo Marta Tavares, “O livro ‘A rua da Frente’ é um tributo à memória de todos que viveram e estudaram no acampamento CHESF, em Paulo Afonso, ou a todos que viveram nas décadas de 60 e 70, principalmente, nesta cidade. Cada pessoa que viveu aquela época memorável, vai se identificar com cada página, cada crônica escrita.”
Eu não vivi seu tempo e espaço, mas acredito que o leitor sentirá o impacto afetivo e memorialístico da narrativa precisa de Genilson.
Igualzinho a um mágico muito competente, Gecildo soube transferir para seu livro, em palavras que despertam imagens da infância, aquela sua porção de memória valiosa que jamais se perde.
O livro de Genildo é verdadeiramente uma grande pérola nesse desertão nordestino. E estou certo que o autor, professor e humorista possui uma sacola mágica muito grande cheira de pérolas preciosas. Gostaria de ler outras das suas obras. Sucesso, grande artista!
Mais informações aqui: http://www.panoticias.com.br/2013/06/a-rua-da-frente-de-gecildo-queiroz-e-um-tributo-a-memoria-de-todos-que-viveram-e-estudaram-no-acampamento-chesf/
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