Para Élida Graziane, procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo e professora da Fundação Getúlio Vargas, a narrativa que o presidente tem trazido para a mídia, para as redes sociais e para o senso comum é de terceirizar a culpa da inflação do preço dos combustíveis para os governadores.
Um dia depois da aprovação pelo Senado, a Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (14) o texto-base do projeto que limita as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS, um tributo estadual) incidentes sobre combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo. Pelo texto, esses itens passam a ser classificados como essenciais e indispensáveis, o que proíbe estados cobrarem taxa superior à alíquota geral de ICMS, que varia entre 17% e 18%, a depender da localidade.
O projeto havia sido aprovado pela Câmara dos Deputados no fim de maio e é uma das tentativas do governo federal para reduzir o preço dos combustíveis em ano eleitoral. Como houve alteração ao texto, a proposta precisa voltar a ser avaliada pelos deputados federais — o que pode acontecer ainda nesta quarta-feira (14).
"E, infelizmente, essa narrativa está ganhando um espaço inadequado, repito, porque o principal fator de instabilidade poderia ser mitigado num âmbito da própria política de paridade de preço de importação da Petrobras, e os governadores, nesse momento, estão também tensionando na base territorial dos estados com senadores e com os deputados federais", disse ela.
"Do jeito que está acontecendo agora, a gente não tem horizonte para planejar o financiamento do SUS e da educação básica em 2023 tamanha a insegurança política causada por esse projeto de lei complementar sobre o ICMS."
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