Cresceu de 30% para 38% a participação de profissionais das forças de segurança em redes sociais bolsonaristas de 2020 a 2021, segundo pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Em 2020, 17% dos integrantes das Forças de Segurança interagiam em ambientais bolsonaristas radicais e 13% em ambientes moderados. 70% deles não interagiram com bolsonaristas. Em 2021, 21% interagiam em ambientais radicais, 17% em ambientes moderados e 61% não interagiram.
Foram analisados 651 usuários de Facebook e Instagram. A margem de erro do estudo é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
“Embora seja uma fatia minoritária, a quantidade de profissionais das forças de segurança que hoje manifesta adesão às pautas bolsonaristas é relevante. A maior propensão está, mais uma vez, concentrada entre os membros das polícias militares”, aponta Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O presidente Jair Bolsonaro foi eleito em 2018 com forte apoio das forças de segurança. Em junho deste ano, segundo o blog do Octavio Guedes, Bolsonaro havia encomendado uma pesquisa nacional sobre a qualidade de vida dos policiais brasileiros.
Polícia Militar
Entre os oficiais da Polícia Militar (PM), 35% interagiram em 2020 em ambientes bolsonaristas (17% em ambientes radicais e 18% em ambientes moderados). 65% não interagiram. Em 2021, o mesmo grupo registrou 44% de interações em ambientes bolsonaristas ( 23% em ambientes radicais e 21% moderados). 56% não interagiram.
Entre os PMs praças, cresceu de 41% para 51% o número de soldados que interagiram em ambientes bolsonaristas entre janeiro e agosto. Em 2020, 25% tinham interações com bolsonaristas radicais, 16% com moderados e 59% não tinham interações. Em 2021, 30% interagiram com ambientes radicais, 21% com moderados e 49% não têm relações com esses ambientes.
Polícia Civil
Entre os delegados da Polícia Civil, os números são bem diferentes. 93% deles não tiveram interações com ambientes bolsonaristas em 2020. Em 2021, 98% seguem sem interações. Mas são um pouco diferentes os índices entre investigadores, escrivães e peritos: em 2020 10% interagiram (radicais ou moderados) e 90% não; em 2021, 19% interagiram (radicais ou moderados) e 81% não.
Polícia Federal
Entre os delegados da Polícia Federal (PF), o índices são quase os mesmos nas duas comparações. 12% interagiram em ambientes bolsonaristas e 88% não interagiram em 2020. E 13% interagiram e 87% não em 2021.
Nos demais cargos da PF, 13% tiveram alguma interação em ambientes bolsonaristas e 87% não em 2020; e 21% interagiram e 80% não interagiram em 2021.
Comparação entre Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Federal:
Bolsonarismo na PM
2020: 21% ambientes radicais; 17% ambientes moderados; 62% sem interações
2021: 27% ambientes radicais; 21% ambientes moderados; 52% sem interações
Bolsonarismo na Polícia Civil:
2020: 4% ambientes radicais; 5% ambientes moderados; 91% sem interações
2021: 6% ambientes radicais; 7% ambientes moderados; 87% sem interações
Bolsonarismo na Polícia Federal
2020: 5% ambientes radicais; 8% ambientes moderados; 87% sem interações
2021: 7% ambientes radicais; 10% ambientes moderados; 83% sem interações
Metodologia
O FSBP informou que foram coletados dados sobre efetivos no Portal da Transparência do Governo Federal e nos seus congêneres estaduais e do DF. Na sequência, foi selecionada uma amostra desses profissionais para que fosse possível estimar quantos policiais possuem redes sociais e, com isso, calcular o percentual de precisão das análises das informações extraída delas.
Após delimitar os tamanhos dos efetivos das corporações analisadas, foi extraída uma amostra estatisticamente representativa de 651 usuários no Facebook e Instagram com cargos em instituições de polícias, garantindo um nível de confiança de 95% e 3% de margem de erro em relação ao universo extraído dos Portais da Transparência.
Os dados de redes coletados foram: atividades dos usuários, interesses relacionados, principais figuras de influência nas redes, participação em ambientes de política e religião.
Ao mapear as atividades dos 651 profissionais de Segurança nas redes, observou-se a presença daqueles que interagem em ambientes bolsonaristas entre os meses de janeiro e agosto de 2021, que foram agrupados em radicais e orgânicos.
Bolsonaristas: grupo com participação expressiva de seguidores de páginas relacionadas a políticos de direita, mas que, não obstante o discurso radical, estão dentro da institucionalidade do jogo político partidário (Capitão Derrite; Carla Zambelli; Carlos Bolsonaro; Avança Brasil; Flávio Bolsonaro; Luis Miranda USA, Caio Coppola, Sargento Fahur).
Bolsonaristas radicais: grupo com participação expressiva de seguidores de páginas declaradas fãs e militantes do presidente Jair Bolsonaro e de sua visão de mundo, independentemente do jogo político e das instituições (Somos Todos Bolsonaro; Michelle Bolsonaro Fãs; Heróis do Brasil com Bolsonaro; Eu voto No Bolsonaro; Somos Bolsonaro 17; Bolsonaro Presidente 38, entre outras).
Para a validação da presença dos policiais internautas em ambientes bolsonaristas, foi considerada a atividade de interação dos internautas nessas páginas, podendo ela ter ocorrido por meio de curtidas, comentários ou compartilhamentos.
Utilize o formulário abaixo para comentar.