A extrema-direita no Brasil não precisa mais do presidente Jair Bolsonaro para se mobilizar. É o que revela a pesquisa Democracia Sitiada e Extremismo no Brasil: 18 meses de manifestações bolsonaristas, coordenada pela antropóloga Isabela Kalil, do Núcleo de Etnografia Urbana e Audiovisual da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (NEU-FESPSP). O estudo foi divulgado nesta segunda-feira (18).
De acordo com o trabalho, a formação desse extremismo é indissociável da Covid-19. A pesquisa mostra que a pandemia se tornou em uma oportunidade para mobilizar os bolsonaristas.
A maioria dos atos em 2020 trazia como pauta a defesa do tratamento precoce e o ataque a governadores e prefeitos que defendiam medidas de isolamento social, como o fechamento do comércio.
O estudo também diz que houve uma mudança na retórica dos apoiadores do presidente. Antes da pandemia, os alvos prioritários eram os políticos e partidos tradicionais. Depois, passaram a ser instituições, como o Congresso e o STF. O deslocamento das pautas dos protestos é acompanhado pelo aumento do radicalismo, incluindo “atos de insurgência”.
Os pesquisadores identificaram ainda a presença cada vez maior de símbolos militares e de novos tipos de protestos, como os encontros de motociclistas.
Outra constatação foi a transformação da identidade do bolsonarista, deixando a ênfase no “cidadão de bem” para explorar a imagem do “patriota”.
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