O novo presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, toma posse nesta terça-feira, 28, em uma cerimônia curta e protocolar. A principal missão do novo comandante da estatal seria mudar a política de paridade preços. Especialistas que atuam no mercado de óleo e gás foram consultados e afirmam que a alteração é muito difícil. O Preço de Paridade de Importação, conhecido como PPI, é alvo de constantes críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de integrantes do Governo Federal. Foi este impasse, inclusive, que derrubou todos os últimos presidentes da companhia.
De acordo com o ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, não basta mudar o comando da Petrobras para mudar a política de preços, é preciso alterar o estatuto da empresa, que foi aprovado em 2016 e impõe a paridade entre os preços internos e os preços internacionais dos combustíveis. “Se o governo desejar realmente desvincular o preço dos derivados nacionais dos derivados internacionais, ele tem que usar a sua maioria no Conselho de Administração e na Assembleia de Acionistas e alterar o estatuto da empresa”, argumenta o especialista.
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura lembra que a Petrobras atende aproximadamente 80% do mercado de combustíveis no Brasil, ou seja, sem a política de paridade de preços os agentes privados não vão querer importar diesel e gasolina mais caro para vender a um preço mais barato no Brasil. “O risco de mercado da mudança da regra, seja de paridade de exportação, ou outro tipo de controle de preços, pode causar desabastecimento do mercado brasileiro “, alerta.
Já Valério Valporto, presidente de uma associação que representa acionistas minoritários de empresas de capital aberto, não acredita que a mudança na presidência e nas diretorias da Petrobras vai alterar a política de paridade de preços e argumenta que quem deve conduzir o processo de baratear os preços dos combustíveis nas bombas é o Governo Federal. “Qualquer medida que vise alterar esta política de preços deverá partir da União, do Governo Federal, que poderá, por exemplo, estabelecer o imposto de exportação sobre o petróleo e seus derivados”, sugere o economista.
O Conselho de Administração da Petrobras nomeou Caio Paes de Andrade como integrante do órgão nesta segunda-feira, 27, e depois o elegeu como presidente da estatal brasileira de petróleo. A troca de comando aconteceu uma semana após a renúncia de José Mauro Coelho, fato que acelerou a chegada de Paes de Andrade ao comando da empresa. A expectativa é de uma ampla reformulação na diretoria e no Conselho de Administração.
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