O gabinete do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, minimizou nesta terça (29) uma decisão das Nações Unidas que amplia o limite da plataforma continental da Argentina, deixando dentro de seu território as Ilhas Malvinas (chamadas de Falkland pelos britânicos).
A decisão da ONU foi anunciada na segunda (28) pelo ministério argentino das Relações Exteriores e atende a uma petição apresentada pela Argentina em 2009. Com o aval das Nações Unidas, o país incorpora 1,7 milhão de quilômetros quadrados e aumenta em 35% sua superfície atual.
Segundo o jornal argentino 'Clarín', um porta-voz de Cameron declarou que o governo britânico ainda não recebeu qualquer informe oficial sobre o assunto e ressaltou que a comissão da ONU "é apenas um orgão de conselho".
"É importante notar que é um comitê de conselho, que faz recomendações que não são legalmente obrigatórias. Essa comissão não tem jurisdição sobre questões de soberania", diz o comunicado britânico, que acrescenta ainda que "o importante é o que pensam os moradores das ilhas Falkland. Eles deixaram claro que querem ser um território britânico e apoiamos seu direito de determinar seu futuro".
Ainda de acordo com o Clarín, a mensagem diz ainda que "uma das comissões analisou a questão do território marítimo em litígio. Ainda não recebemos o relatório. Não devemos nos apressar. Há especulações de que o relatório veio da Argentina. Devemos aguardar aquele que virá da comissão (da ONU)".
Exploração das Malvinas
"As Ilhas Malvinas estão dentro da plataforma continental argentina", destacou na segunda-feira Jorge Taiana, atual presidente do Parlasul (Parlamento do Mercosul) e que era chanceler da então presidente Cristina Kirchner em 2009, quando foi apresentada a solicitação às Nações Unidas.
Segundo a agência AFP, Taiana explicou que, "de acordo com a Convenção sobre os Direitos do Mar, as ilhas Malvinas são argentinas. Agora, a Argentina tem direito soberano sobre o fundo do mar, a exploração de hidrocarbonetos e sobre os animais", insistiu o ex-chanceler.
As Ilhas Malvinas são objeto de uma longa disputa de soberania entre a Argentina e o Reino Unido, que as ocupou em 1832. Em 1982, tropas da ditadura militar argentina voltaram às ilhas, dando início a uma guerra que durou 74 dias e terminou com a vitória britânica. O conflito deixou 648 argentinos e 255 britânicos mortos.
Em 2013, quase todos os 3 mil habitantes das Malvinas se manifestaram em um referendo a favor de continuar sob a soberania britânica.
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