Uma tradicional superstição ocidental é relacionar uma sexta-feira que cai no 13º dia do mês como uma data de azar. A “brincadeira” ganhou ar de terror nas últimas décadas, quando filmes de Hollywood como Sexta Feira 13 (1980) adicionaram na data um teor sangrento. E há quem leve o medo bem a sério, como as pessoas diagnosticadas com parascavedecatriafobia.
A enorme palavra é formada da junção de termos gregos: “paraskevi”, que significa sexta-feira + “dekastreis” que significa “treze” + “fobia”.
Em dias como hoje, uma sexta-feira que caiu em 13 de outubro, esse temor é ativado. No entanto, não se trata de um simples pânico. O medo é uma resposta bioquímica do corpo que funciona a partir do instinto de sobrevivência. Já a fobia é o medo de algo em específico, e muitas vezes pode ser completamente irracional — como o medo de uma data — e com o poder de paralisar a pessoa que sofre daquilo.
“A fobia consiste em um transtorno mental ansioso, que pode, inclusive, chegar ao ponto de incapacitar o indivíduo. Enquanto o medo é uma resposta a algo real, a ansiedade fóbica resulta de uma ameaça interna, vaga, conflituosa ou desconhecida”, explica a médica psiquiatra Aline Rangel, especialista em transtornos fóbicos.
Pessoas que sofrem de fobia podem desenvolver diversos sintomas quando são confrontadas com aquilo que gera o episódio. Entre eles estão a crise de ansiedade, sudorese, dor no peito, falta de ar e, principalmente, a paralisação. “Com o passar do tempo, o indivíduo começa a esquivar-se das situações que lhe causa fobia, contudo, nem sempre isso é possível”, completa a psiquiatra Aline Rangel.
Além da parascavedecatriafobia existe também a Triscaidecafobia, que se trata do medo irracional ao número 13 — independente da ligação com a sexta-feira. A fobia é tão comum que muitos prédios chegam a pular o 13º andar — acima do 12º já fica o 14º andar.
Em Nova Iorque, nos Estados Unidos, cerca de 80% dos prédios não têm o 13º andar. “Em alguns prédios o 13º andar é chamado de 12ºA. Só para não ter o número 13 no painel. A superstição existe há mais de cem anos em Nova York. No século XIX, já existia tecnologia pra construção de prédios maiores, mas ninguém fazia edifícios com mais de 12 andares para não atrair nada negativo. Até que se chegou ao consenso de que os prédios poderiam ter mais de 13 andares, desde que o décimo 13º fosse disfarçado”, conta Jonathan Miller, consultor imobiliário.
A psiquiatra Aline Rangel explica que fobias, como a parascavedecatriafobia e a triscaidecafobia, têm tratamento. “A primeira etapa é reconhecer os sentimentos que você apresenta e quais são as situações que os desencadeiam. Após isso, busque ajuda do médico psiquiatra, pois ele saberá fazer a avaliação completa. Geralmente, o tratamento é associado com medicamentos e terapia cognitiva comportamental. Após isso, a pessoa lida muito melhor com as fobias e passa a ter uma vida tranquila”, explica.
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