Um confronto entre seguranças e trabalhadores rurais deixou, pelo menos, sete homens feridos na manhã deste sábado (5) na Fazenda Agropecuária Bauru (Magali), em Colniza, a 1.065 km de Cuiabá. De acordo com a Polícia Civil, uma pessoa morreu no confronto.
A fazenda pertence ao ex-governador Silval Barbosa e fica a 40 km de Colniza. Ele afirmou em delação premiada que comprou a fazenda em sociedade com o ex-deputado José Geraldo Riva.
O G1 tenta falar com o ex-governador. Riva lamentou o ocorrido e disse que os seguranças foram vítimas de uma emboscada. (Veja nota na íntegra ao final da matéria).
Segundo a Polícia Civil, sete pessoas deram entrada no Hospital Municipal de Colniza. Não há informações sobre o estado de saúde de cada uma das vítimas. O corpo da pessoa que morreu ainda está na fazenda.
A propriedade tem histórico de invasões. Em outubro de 2018 cerca de 200 pessoas armadas invadiram a propriedade. Naquela ocasião, o Ministério Público Estadual (MPE) já havia alertado o governo de Mato Grosso sobre risco de conflito armado.
Uma equipe de peritos da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politece) deve sair às 11h30 de Cuiabá em uma aeronave do Centro Integrado de Operações Aéreas de Mato Grosso (Ciopaer). A força-tarefa dará apoio a essa ocorrência.
A Delegacia de Polícia de Colniza solicitou reforço da Gerência de Operações Especiais (GOE), da Polícia Civil, Ciopaer, da Secretaria de Segurança Pública, e peritos da Politec de Cuiabá para realizar os trabalhos de local de crime e necropsia.
Outro lado
Em nota enviada à imprensa no começo da tarde, Riva lamentou o ocorrido e se declarou preocupado com a vida de todos os envolvidos.
Disse que todas as invasões foram devidamente comunicadas à Justiça de Mato Grosso. Disse também que os invasores insistiram em desrespeitar as ordens judiciais, inclusive de afastamento dos limites da propriedade.
Afirmou que, em razão das inúmeras invasões, contratou uma empresa de segurança privada, devidamente registrada e previamente informada as autoridades, com a finalidade de proteger o local das inúmeras invasões.
“Infelizmente [os seguranças] sofreram uma emboscada realizada por terceiros, fortemente armados, que atentaram contra a vida dos seguranças e empregados da fazenda”, explicou o ex-deputado pela nota.
Disse que a empresa de segurança se defendeu para garantir a integridade dos funcionários e que comunicou a situação à polícia.
“Lamentavelmente pessoas que se auto denominam trabalhadores rurais, mas que fazem parte de um grupo armado, novamente desrespeitando ordem judicial de reintegração de posse e de afastamento dos limites da propriedade, não somente atentaram contra a vida de pessoas como pretenderam com o uso da força, invadir a propriedade rural produtiva, para cometer crimes de toda ordem”, finalizou.
Histórico
De acordo com o MPE, a Fazenda Agropecuária Bauru (Magali) vem sendo alvo de invasões desde o ano 2000 e que, após a reintegração de posse em 2017, as ameaças se intensificaram até culminar com a invasão do grupo em 2018.
O órgão cita, com base no relato do gerente da fazenda, que ainda não houve confronto armado, porque a segurança privada recuou para evitar o conflito, já que estão em número menor.
O órgão já alertava que poderia ocorrer novamente uma tragédia na região, assim como a registrada em abril de 2017, quando 9 trabalhadores rurais foram brutalmente assassinados no Distrito de Taquaruçu do Norte.
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