O Canal do Sertão chegou ao km 110, no município de São José da Tapera, o sétimo beneficiado pela obra, que leva a água do rio São Francisco a localidades assoladas pela estiagem prolongada. Os avanços foram apresentados pela Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), na quarta-feira (24), a uma comitiva que visitou a obra.
O encontro reuniu autoridades locais para apresentação do projeto do Canal do Sertão e visita às obras do Trecho 4, com 75% de execução. A programação incluiu paradas no desemboque do túnel, no canal trapezoidal, no sifão e no ponto de barramento da água.
A ação marca um momento importante para a obra, considerada a maior em infraestrutura hídrica de Alagoas e a segunda do Brasil, atrás apenas da Transposição do Velho Chico. O motivo é que o empreendimento iniciou o ano com R$ 92 milhões em investimentos, provenientes do Ministério da Integração Nacional.
Na contramão da crise, o Estado aportou recursos que garantiram a abertura de novas frentes de trabalho e a geração imediata de mais de 400 empregos diretos para profissionais da construção civil. Segundo o secretário estadual da Infraestrutura, Humberto Carvalho, o número tende a aumentar até o mês de junho.
"Todas as vezes que tivemos dificuldades com o repasse dos investimentos, reforçamos ainda mais, em Brasília, nosso compromisso com o andamento da obra. Desde 2015, levamos o Canal do km 64 ao 110, o que representa 46 km de rio artificial pelo Semiárido. E tudo isso sem qualquer tipo de paralisação. Agora, nossa meta é levar a água até o km 115, ainda neste semestre", destacou.
Humberto Carvalho também enfatizou os impactos da obra para a geração de emprego e renda para profissionais da construção civil. "Os recursos nos permitiram iniciar 2018 com novas frentes de obra. Hoje, são mais de 400 trabalhadores e, em meados de abril e maio, a expectativa é de que tenhamos cerca de 700 contratados", destacou.
Para quem depende do setor para sobreviver, como é o caso do operário Ezequiel Souza, a notícia chegou em boa hora. "Uma obra como essa traz renda e sustento para todos nós. O desemprego é um medo para a gente, então é uma satisfação entrar 2018 com a obra do Canal em outro ânimo, com mais oportunidades", avaliou.
Transformação
O Canal do Sertão já passa por sete municípios – Delmiro Gouveia, Pariconha, Água Branca, Olho d'Água do Casado, Inhapi, Senador Rui Palmeira e São José da Tapera – e beneficia 160 mil sertanejos. Quando concluída, a obra contará com 250 km de água, ao alcance de mais de um milhão de pessoas, em 42 cidades, do Sertão ao Agreste de Alagoas.
Nos três últimos anos, o Governo estadual executou mais de R$ 645 milhões de recursos na obra. O investimento levou o Canal do km 64 ao 110 – um total de 46 km de obra executada –, o que viabilizou interligações de sistemas coletivos de abastecimento, intensificação de políticas públicas de convivência com a seca e avanço de culturas irrigadas de pequenos e médios produtores.
De acordo com o superintendente estadual de infraestrutura hídrica, Alzir Lima, no mesmo período, foi adotada uma nova estratégia para a entrega dos trechos da obra.
"Antes, eram feitas inaugurações de trechos completos do Canal, mas sabemos o quanto cada quilômetro de água é importante para o sertanejo. Então, à medida em que a obra avança, a água também vai sendo liberada. Além disso, essa celeridade é importante para o Estado. Com a água no km 110, conseguimos economizar R$ 2,5 milhões no seu transporte para o abastecimento dos municípios", explicou Lima.
O novo cenário tem transformado a vida de milhares de sertanejos, como Benedito de Oliveira, de 64 anos. "A melhor coisa que pode acontecer para um sertanejo é um canal desse, porque nosso grande problema é a falta d'água. Antes dessa obra, a água que a gente tinha era a da chuva, por isso a gente perdia os animais, ficava com sede. Agora, já temos água para a nossa roça. Hoje, o Sertão está rico", pontuou o agricultor.
Trecho 5
Com o avanço da quarta etapa, crescem as expectativas para o Trecho 5 da obra, que levará a água até o km 150, no município de Olho d'Água das Flores. No final do ano passado, a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), órgão do Congresso Nacional, aprovou repasse de recursos para a sua construção.
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