As 80 mil famílias beneficiárias do Programa do Leite em todos os 102 municípios que na semana passada estavam recebendo apenas 4 litros de leite para sete dias já estão com a situação normalizada, segundo informações da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura (Seagri). Conforme apurou a reportagem do Correio Notícia, cada família vai voltar a receber 7 litros de leite por semana.
Em Monteirópolis, no Sertão, ao contrário do que ocorreu no dia 15 deste mês, uma sexta-feira, quando deveriam ter recebido três litros e receberam apenas um, na última sexta, dia 22, cada família recebeu dois litros – um para a própria sexta e outro para o sábado. Ficaram o domingo sem leite, mas a esperança é que na segunda-feira (25) voltem a receber a quantidade normal para cada entrega.
Por outro lado, apesar de ter encontrado uma forma de resolver a distribuição do produto às famílias carentes, o governo do Estado, que coordena do Programa do Leite, por meio de convênio com o governo federal, ainda não conseguiu resolver a situação dos cerca de 4.700 agricultores que produzem e fornecem o leite. Eles estão há seis quinzenas sem receber pelo leite que entregam ao programa.
Segundo informou o secretário de Estado da Agricultura, Álvaro Vasconcelos, em reunião na sede da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), no dia 4 deste mês, o atraso ocorreu porque o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) não tinha liberado, em fevereiro, R$ 9,5 milhões, que seria a contrapartida de 80% do governo federal junto ao programa. Os 20% restantes são garantidos pelo governo do Estado, com recursos do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep).
Da mesma reunião participaram deputados federais, estaduais, lideranças do setor agropecuário e agricultores. Os parlamentares saíram do encontro dispostos a unir forças em Brasília para cobrar o repasse do recurso. Na mesma semana, um encontro foi realizado no MDS, porém, passados 20 dias desde a reunião na CPLA, o recurso ainda não foi liberado para o Estado e a crise pela qual passa o programa só se agravou.
Enquanto isso, no campo, alguns agricultores apelam para a confiança e compram “fiado” a ração que usam como complemento da alimentação para o gado. As despesas das próprias famílias também estão em atraso, tendo em vista que, para muitos deles, a produção de leite é a principal fonte de renda da propriedade, segundo um agricultor revelou ao Correio Notícia.
Na sexta-feira (22), o governo estadual divulgou que os membros do Fecoep aprovaram a destinação de R$ 12 milhões do fundo para manter a contrapartido do Programa do Leite até dezembro deste ano. Porém, esse recurso não será usado para pagar as seis quinzenas em atraso junto aos agricultores. É para os pagamentos daqui por diante.
Para discutir a crise pela qual passa o Programa do Leite, a CPLA – maior cooperativa que reúne agricultores que fornecem leite ao programa – vai fazer uma nova reunião, nesta segunda-feira (25), em sua sede, em Maceió. Segue abaixo comunicado sobre o assunto distribuído pelo presidente da entidade, Aldemar Monteiro.
COMUNICADO
Maceió, 22 de abril de 2016.
Senhores (as) cooperados (as),
Vimos através deste, expor a real situação da nossa CPLA. Diariamente estamos tentando de todas as formas legais para garantir o Programa Social do Leite em nosso estado, tendo apoio jurídico e de lideranças governamentais, além da Bancada de Alagoas na Câmara Federal em Brasília. Na intenção de pelo menos garantir o preço mínimo do leite, já tivemos reuniões com o excelentíssimo Senhor Governador do Estado de Alagoas Renan Filho ao qual ele tem feito esforços gigantes para manter o programa do leite, posicionamento esse que atinge os principais fatores socioeconômicos que o referido programa traz consigo.
Sabemos das dificuldades enfrentadas por todos nos últimos meses, são exatamente 06 (seis) quinzenas sem recursos, Entendam e pedimos a compreensão de todos, pois toda essa fase terminará em breve, por isso pedimos que não se abstenham da cooperativa. Vamos juntar forças e dar continuidade aos 15 anos de história e luta da nossa Cooperativa em levar um alimento saudável a mesa de todos os alagoanos.
Respeitosamente,
Aldemar Lima Queiroz Monteiro
Presidente
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