O drama do Cruzeiro, na Série B, não acaba. Com apenas duas vitórias em 14 rodadas disputadas, o clube se concentra, pelo segundo ano seguido, em lutar contra o rebaixamento para a Terceira Divisão. O time ocupa a vice-lanterna da competição com 12 pontos, 11 atrás do Goiás, quarto colocado e dentro do grupo de acesso à Série A.
A equipe mineira nunca chegou perto do acesso (a melhor posição foi o nono lugar na terceira rodada da edição passada). São 52 rodadas disputadas no torneio. As chances de o Cruzeiro voltar à elite, neste momento, são menos de 1%, segundo os matemáticos.
Quem não acompanha de perto o dia a dia cruzeirense se pergunta: por que o time não deslancha? Os motivos são vários e têm diversas origens: esportivos, financeiros e administrativos. E, neste momento, com pouca perspectiva de solução em curto prazo.
Com uma dívida que chegou a ultrapassar a cifra de R$ 1 bilhão, no ano passado, o Cruzeiro se apega à implementação do projeto clube-empresa e a injeção de capital externo para se ver mais viável e tentar estancar a crise da equipe.
Mas o processo ainda é demorado, precisa passar por aprovação do conselho deliberativo e, o mais importante, encontrar o investidor.
Não será de imediato. Até lá, o time se vê bastante ameaçado pelo que seria um vexatório rebaixamento à Série C e sem alternativas de mudanças drásticas na parte esportiva.
Em crise financeira, convivendo com atrasos salariais no elenco, o Cruzeiro também não pode contratar novos atletas. Está impedido pela Fifa por dívidas com clubes do exterior e sem perspectiva de pagar os débitos que causaram a punição. É a quarta vez que o Cruzeiro sofre sanção aplicada pela entidade maior do futebol em pouco mais de um ano.
Precavendo-se contra a essa última punição, o Cruzeiro foi às pressas ao mercado, no mês passado, e trouxe um pacotão de contratações: sete ao todo, sendo que uma delas, o meia Giovanni, estava emprestado ao Avaí e retornou.
Situação parecida ocorreu ano passado, com retorno de atletas emprestados, mas que não vingaram na campanha de 2020. Em junho, já eram 88 jogadores utilizados desde 2019. Hoje, o número chega a 95.
A Raposa também se vê limitada à mudança de treinador. Felipe Conceição deixou o clube com duas rodadas de Série B. Existe uma discussão na CNRD entre o Cruzeiro e o treinador para determinar se o rompimento foi em comum acordo ou por opção do clube celeste. Se for reconhecido que o clube demitiu Conceição, o Cruzeiro não poderá fazer nova contratação de técnico.
A paciência com o trabalho de Mozart tem sido maior. O treinador acumula oito jogos sem vitória na temporada, igualando o pior aproveitamento dos treinadores que passaram pela Toca da Raposa desde o rebaixamento, em 2019.
Mudar de treinador, entretanto, não tem significado melhora do desempenho. Em 52 rodadas de Série B, o Cruzeiro teve seis técnicos: Enderson Moreira, Ney Franco, Felipão, Felipe Conceição e Mozart, além do interino Célio Lúcio.
Nenhum deles conseguiu levar a Raposa à briga pelo acesso. Pelo contrário. Além de provocar instabilidade, as trocas de treinadores aumentaram os compromissos do clube com multas rescisórias.
Assim, sem possibilidade de registrar atletas e limitado na troca de técnico, o Cruzeiro vê pouca possibilidade de mudança em campo. Dependerá destes jogadores a melhora de rendimento e o crescimento na Série B. Mas os números não tem sido positivos.
Fora das quatro linhas, o Cruzeiro ainda tenta se rearrumar. A atual diretoria vem enfrentando constantes críticas de parte da torcida. Internamente, a crise instalada em 2019 também tem seus reflexos, com a divisão política no clube e a ainda ausência da conclusão de processos contra conselheiros e ex-dirigentes que participaram da gestão que minou as atividades da Raposa.
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