Por meio de um vídeo divulgado nesta quinta-feira (6) nas redes sociais, o padre Márcio Cândido dos Santos, da paróquia de São José em Canapi, se pronunciou sobre o roubo que sofreu na última terça-feira (5), no estado de Pernambuco. Ele contou que não é verídico parte do que foi divulgado na imprensa.
O sacerdote contou que estava indo para um retiro dos padres, em Camocim de São Félix, em Pernambuco, cujo percurso passa por Caruaru, no mesmo estado. Nesse último município o padre conta que jantou e pernoitou.
“Dentro desse intervalo passei mal e fui direto para o hospital para ver o que era, verificar a pressão. Nisso, no caminho, esses indivíduos, quando já estava estacionando o carro, um deles invadiu o carro e pediu para que eu o levasse no centro”, contou o padre Márcio Cândido.
Ainda de acordo com o pároco de Canapi, o homem estava visivelmente drogado e com uma arma na cintura. “Não sei se era arma de fogo ou arma branca. Larguei o carro e corri para dentro do hospital. Ele tomou a chave e ficou lá dentro do veículo, depois o travou e saiu para outro canto”, relatou.
Conforme o padre, durante a madrugada, por volta das 4h, o homem retornou com um comparsa e levou o carro, que pertence à paróquia. “Nele estava o dinheiro que tanto estão falando. Meus irmãos, não é 40 mil, não é 60 mil. O dinheiro que estava lá naquela bolsa é 24 mil reais”, disse.
O sacerdote explicou que o dinheiro seria utilizado para pagar pela confecção de camisetas da peregrinação de Padre Cícero que deve ocorrer nos próximos dias, cujo valor é de 11.872,50. O restante, conforme padre Márcio, seria para pagar a Cúria Diocesana, no valor de R$ 6 mil, de modo que R$ 3 mil ele estava devendo e os outros R$ 3 mil seriam antecipação dos próximos três meses.
Ainda segundo o padre, também havia a quantia de R$ 4 mil que seria utilizada para pagar quatros meses da Obra das Vocações Sacerdotais (OVS), que é uma taxa que toda paróquia destina à Diocese para a formação dos seminaristas. “O restante do dinheiro que eu estava levando era para comprar uma mesa de som e uma caixa para as capelas. Nós temos 49 capelas e todas precisam de som”, relatou.
Finalizando o vídeo, o padre disse que o suspeito preso mentiu durante entrevistas que concedeu na delegacia. “Está claro que ele estava sob efeito de drogas, que está mentindo”, concluiu.
O suspeito ao qual o padre se refere trata-se de um jovem de 24 anos, que foi preso pela Polícia Militar pernambucana pouco tempo depois de ter roubado o carro do padre, uma Fiat Touro. A polícia recuperou cerca de R$ 23 mil em dinheiro dentro do carro.
Para a polícia e em entrevista para a imprensa local, o suspeito contou que no carro havia a quantia de R$ 60 mil em espécie, dinheiro do qual teria utilizado parte para usar drogas e o restante havia doado para pessoas carentes da zona rural do município.
Por outro lado, conforme a PM/PE, no carro tinha cerca de R$ 30 mil e que o suspeito havia gasto cerca de R$ 10 mil.
A reportagem do Correio Notícia falou com a assessoria de comunicação da paróquia de Canapi para esclarecer por que o padre não procurou ajuda logo que teve o carro invadido, por que andava com uma grande quantidade de dinheiro em espécie, se existem alternativas digitais e qual era realmente a quantia que havia dentro do carro, visto que no vídeo ele alegou que além do montante da Igreja ainda tinha no automóvel uma quantia pessoal.
Sobre o primeiro questionamento, a assessoria explicou que após abandonar o carro com o suspeito dentro, o padre pediu ajuda aos seguranças do Hospital Mestre Vitalino, para onde estava indo inicialmente, mas que eles disseram para ele que não conseguiam ajudar porque o caso havia acontecido fora das dependências da unidade de saúde.
Ainda segundo a assessoria, apesar de não ofertarem ajuda, depois do suspeito travar o carro e sair do local levando as chaves, os seguranças tentaram contato com empresas de segurança e transporte para auxiliar o sacerdote na situação. Enquanto eram feitos os contatos, o suspeito retornou com um comparsa e os dois saíram em seguida levando o carro.
Diante da situação, conforme relato da assessoria da paróquia, um dos seguranças do hospital acionou um motorista de aplicativo para levar o padre para uma delegacia e enquanto ele se dirigia para a unidade policial, recebeu uma ligação de um policial militar, informando que o carro havia sido encontrado com o suspeito, que estaria conduzindo-o com um dos pneus furados e sem a placa dianteira.
A respeito dos outros dois questionamentos, a assessoria esclareceu que a maioria das ofertas e dízimos pagos pelos fiéis é em espécie, por isso o padre estava viajando com uma quantia de aproximadamente R$ 24 mil em dinheiro, dentro de uma mala, no banco traseiro do carro. Quanto ao montante pessoal que também levava consigo, seria de cerca de R$ 2 mil, cujo valor estava na parte da frente do carro e foi gasto pelo suspeito.
Desse modo, no total havia cerca de R$ 26 mil dentro do carro, de modo que, segundo a assessoria da Paróquia, foram recuperados pela polícia cerca de R$ 23 mil.
Veja o vídeo:
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