Depois de se reunir com militares da Marinha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assim que voltar de sua viagem à China, vai ter encontros semelhantes ao desta quarta-feira (15) com Aeronáutica e Exército.
As reuniões fazem parte da estratégia do Palácio do Planalto de pacificar as relações com as Forças Armadas, que estavam tensas desde a transição e no início do governo.
De outro lado, as Forças Armadas também fazem gestos para reduzir tensões.
A Marinha, por exemplo, mandou um comunicado a seus militares lembrando que a Constituição proíbe que eles sejam filiados a partidos políticos e solicitando que chequem se estão nesta condição. Estando, precisam se desfiliar imediatamente. A Marinha identificou alguns de seus integrantes com filiação partidária.
O Exército, por sua vez, não vai mais divulgar notas para "celebrar" o dia 31 de março, data do golpe militar de 1964.
Em outra frente, o Ministério da Defesa acertou com as três forças – Exército, Marinha e Aeronáutica – um projeto, encaminhado nos últimos dias ao Palácio do Planalto, determinando que:
- militares que decidirem se candidatar em eleições não podem mais voltar à sua Força e devem ir para a reserva
- militares que assumirem ministérios também têm de ir para a reserva e não podem permanecer na ativa
As iniciativas das Forças Armadas seguem a estratégia negociada entre o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, de despolitizar os quartéis, depois que o ex-presidente Jair Bolsonaro buscou trazer de volta os militares para a política.
Bolsonaro fazia questão de dizer que as Forças Armadas tinham, inclusive, um poder moderador e poderiam fazer uma intervenção em caso de crise entre os Três Poderes, algo que não tem respaldo na Constituição.
A proposta será encaminhada ao Congresso Nacional. Ainda está em análise se na forma de Proposta de Emenda Constitucional (PEC) ou projeto de lei. A expectativa é que seja aprovada ainda neste ano.
Nesta quarta-feira (15), Lula almoçou em Brasília com o comando da Marinha, junto com o ministro da Defesa, José Múcio.
Criticado por petistas no início do governo, Múcio hoje é elogiado no Palácio do Planalto por ter tido "sangue frio" e adotado uma estratégia de negociar e baixar a temperatura na relação de Lula com as Forças Armadas.
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