O ataque sofrido pelo site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na manhã do primeiro turno das eleições, no domingo (15), pode ter ligação com grupos bolsonaristas. É o que sugere levantamento feito pela ONG SaferNet encomendado pelo jornal El País.
De acordo com o jornal, que publicou levantamento na noite da segunda-feira (16), o ataque sofrido pelo órgão é um tipo “negação de serviços no qual redes de computadores zumbis, infectados por vírus e manipulados sem que seus donos saibam, tentam promover milhares de acessos simultâneos a um portal com o objetivo de retirá-lo do ar”.
O ataque no STE, segundo relatório, foi equivalente a 30 gigabites por segundo durante uma hora. Isso quer dizer que era como se 436.000 computadores tentassem acessar a página do órgão a cada segundo — a ação foi repelida, causando apenas uma lentidão nas informações acessadas no portal.
Ou seja, a ideia não era roubar informações sobre as eleições, mas sim gerar uma onda de teorias conspiratórias de que toda eleição poderia ser fraudada, segundo avaliação do SaferNet, que é uma organização não-governamental que promove os direitos humanos na rede e monitora sites radicais.
A apuração da ONG, que tem parceria com o Ministério Público Federal (MPF) no combate à desinformação, ainda aponta que entre os divulgadores das informações falsas compartilhadas poucos minutos antes do ataque hacker estavam dezenas de militantes bolsonaristas, alguns deles, inclusive, investigados no inquérito das fake news e dos atos antidemocráticos contra o Supremo Tribunal Federal (STF).
“Em caso de sucesso, os atacantes só trariam o inconveniente de a população ficar sem acesso ao serviço por um tempo. É uma operação cujo objetivo não era causar um dano material, mas psicológico. É você criar a suspeita, inocular na população o vírus da dúvida sobre a integridade, a lisura e a segurança do processo eleitoral”, disse o presidente da SaferNet, Thiago Tavares em entrevista ao jornal El País.
Por fim, a investigação da ONG conclui que caso conseguisse retirar o site do ar, o efeito obtido seria apenas “cosmético”, pois não não teria a capacidade de alterar qualquer apuração eleitoral.
Ataque feito por investigados
O próprio TSE suspeita que ataques ao tribunal foram feitos por investigados pelo STF. Na segunda-feira, o presidente do órgão, ministro Luís Roberto Barroso, disse que “milícias digitais” que tentaram acessar o sistema da Corte no domingo, dia das eleições municipais, podem estar articuladas com pessoas investigadas pelo STF. No STF, há dois inquéritos que investigam ataques a ministros do Supremo e atos antidemocráticos realizados neste ano.
“Ao mesmo tempo em que houve o ataque, milícias digitais entraram em ação. Há suspeita de articulação de grupos extremistas que se empenham em desacreditar eleições, clamam pela volta da ditadura e muitos deles são investigados pelo STF”, afirmou Barroso.
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