Destituído nessa segunda-feira (23) do cargo de vice-presidente da Câmara, o deputado Marcelo Ramos (PSD-AM) acusou Arthur Lira (PP-AL) de cumprir ordens do presidente Jair Bolsonaro. O deputado amazonense disse ao Congresso em Foco Insider que, a partir de agora, está rompido com Lira.
“Eu não tenho conversa com um presidente da Câmara que recebe ordem do presidente da República por live. O presidente Bolsonaro deu uma ordem ao Arthur para ele destituir o vice-presidente da Câmara, e ele cumpriu. Isso é absurdo para o sistema democrático brasileiro”, protestou.
Ramos foi afastado do cargo após o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dar aval a Lira para realizar nova eleição para o cargo em razão de o deputado ter trocado de partido.
Em sua live semanal, no último dia 12, Bolsonaro já havia sinalizado que haveria mudança na vice-presidência da Câmara. “Eu sou de um partido, o PL. Eu pedi [ao TSE] pelo partido porque o vice-presidente da Câmara mudou de partido. Uma vez mudando de partido, está no regimento interno que ele tem que sair da Vice-Presidência porque aquele cargo pertence ao PL”, disse o presidente. Ramos deixou o PL após Bolsonaro anunciar sua filiação. O deputado é opositor do presidente.
Marcelo Ramos considera que seus crescentes atritos com o governo foram a verdadeira causa da destituição. “A decisão do presidente da Câmara não é regimental e nem jurídica. É uma decisão política”, criticou. A decisão de Lira também alcança as deputadas Marília Arraes (Solidariedade-PE) e Rose Modesto (União Brasil-MS), destituídas da Segunda e da Terceira Secretarias por também terem mudado de sigla. A eleição para as três vagas deverá ser realizada nesta quarta-feira (25).
O agora ex-vice-presidente da Câmara afirmou que não pretende criar atrito para recuperar o cargo. “Eu não vou, com o nosso país no meio de uma crise sem precedentes, com 19 milhões de pessoas passando fome, gastar minha energia brigando com os demais deputados da Casa sobre quem vai ser o vice-presidente”, declarou. O conflito com o ministro da Economia, Paulo Guedes, referente à Zona Franca de Manaus é, ao seu ver, o principal motivo para Bolsonaro ter tirado sua função de vice-presidente.
Ramos é alvo de constantes ataques virtuais por parte de eleitores bolsonaristas. O deputado já declarou apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à Presidência pelo PT.
As candidaturas terão de ser registradas na Secretaria-Geral da Mesa até as 19 horas desta terça-feira (24). Os candidatos devem pertencer, respectivamente, ao PL, ao PT e ao PSDB, legendas pelas quais Ramos, Marilia e Rose se elegeram para a Mesa Diretora. Lira reverteu decisão tomada em 2016 pelo então presidente Eduardo Cunha (Questão de Ordem 168/16) que permitiu a manutenção do cargo na Mesa Diretora caso o titular mude para um partido do mesmo bloco. A decisão de Cunha permitiu que o então deputado Felipe Bornier mantivesse o cargo de 2º secretário mesmo após trocar o PSD pelo Pros.
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