Um dos procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato que pediu a prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) já investigou as irregularidades da educação em Monteirópolis, no Sertão de Alagoas. Trata-se de Eduardo El-Hage, que fez parte, em 2014, do projeto Ministério Público pela Educação (MPEduc).
Naquele ano, em 28 de abril, ele e outros procuradores estiveram na cidade sertaneja, onde constataram uma creche escola cujas obras estavam concluídas havia um ano e meio, mas ainda não havia sido inaugurada.
Além da creche, o grupo encontrou escolas que não tinham água, banheiros e torneiras danificados, forros de escolas com defeito, o que era um problema crônico de higiene para os estudantes, pois os passarinhos deixavam detritos nas carteiras por falta de forro, material didático acondicionado de forma inadequada, num depósito improvisado, livros didáticos enviados pelo Ministério da Educação em 2013 jogados ao chão, entre outras irregularidades.
Um mês depois, em 22 de maio, o MPEduc promoveu uma audiência pública, num espaço do Fórum de Olho D’água das Flores, cidade vizinha, para avaliar o que já tinha melhorado nas condições das escolas de Monteirópolis. Cerca de 200 pessoas participaram.
"No prazo de um mês foi um avanço significativo para o município, somente com nossa visita no dia 28, e agora vamos expedir recomendações para as melhorias continuarem e espera que daqui a seis meses, a gente consiga auferir um resultado ainda melhor do MPEduc aqui em Monteirópolis", afirmou, na ocasião, o então procurador da República em Volta Redonda (RJ), Eduardo El-Hage, que veio do Rio de Janeiro para apresentar à população de Monteirópolis o MPEduc.
Prisão de Temer
O ex-presidente Michel Temer (MDB) foi preso nesta quinta-feira (21), em São Paulo, em cumprimento a um mandado expedido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, após pedido da força-tarefa da Lava Jato, da qual faz parte do procurador Eduardo El-Hage.
O ex-presidente responde a dez inquéritos. Cinco deles tramitavam no Supremo Tribunal Federal (STF), pois foram abertos à época em que o emedebista era presidente da República e foram encaminhados à primeira instância depois que ele deixou o cargo. Os outros cinco foram autorizados pelo ministro Luís Roberto Barroso em 2019, quando Temer já não tinha mais foro privilegiado. Por isso, assim que deu a autorização, o ministro enviou os inquéritos para a primeira instância.
Entre outras investigações, Temer é um dos alvos da Lava Jato do Rio. O caso, que está com o juiz Marcelo Bretas, trata das denúncias do delator José Antunes Sobrinho, dono da Engevix. O empresário disse à Polícia Federal que pagou R$ 1 milhão em propina, a pedido do coronel João Baptista Lima Filho (amigo de Temer), do ex-ministro Moreira Franco e com o conhecimento do presidente Michel Temer. A Engevix fechou um contrato em um projeto da usina de Angra 3.
Eduardo El-Hage deu entrevista para vídeo institucional do MPF/AL, em 2014, após audiência pública ocorrida em Olho D'água das Flores (Foto - Reprodução/Youtube) |
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