Integrantes da alta cúpula do PTB (Partido Trabalhista Nacional) conduzem desde quarta-feira (29) o processo de expulsão de 3 integrantes para viabilizar a filiação do presidente Jair Bolsonaro, hoje sem partido, à sigla. São eles: o ativista Oswaldo Eustáquio, a ex-deputada, Cristiane Brasil, e o pastor Fadi Faraj. O movimento tem aval de Roberto Jefferson, presidente nacional da legenda, preso desde agosto.
O gesto é parte de uma série de ações do partido para acelerar a filiação Bolsonaro. Na última quarta-feira, o PTB realizou uma reunião virtual para debater a possível filiação do presidente à sigla. Ficou decidido que será redigido um documento com a assinatura de todos os presidentes estaduais para incentivar a ida do chefe do Executivo ao partido, segundo comunicado.
Os denunciantes do partido listaram nessa 4ª os incisos os quais Faraj teriam ferido; sobre ele, Jefferson já teria despachado e concordado com a desfiliação. Já no caso de Cristiane e Oswaldo, a denúncia foi feita, mas ainda não despachada com o dirigente do partido antes de ser enviada ao Conselho de Ética.
Por meio de cartas, da prisão, Roberto Jefferson dá ordens e conselhos aos subordinados. O pedido é claro: filiar o presidente Bolsonaro no PTB e conter as divergências internas, “limpando o partido de infestações”.
O processo para a expulsão teria a justificativa de que houve possível desrespeito às diretrizes partidárias pelos 3. Internamente, porém, alguns motivos específicos pesaram para a decisão:
- Cristiane Brasil: ela, que é filha de Roberto Jefferson, gostaria de assumir a presidência como sucessora do pai, além de criticar abertamente integrantes do diretório nacional; ..
- Fadi Faraj: aproximou-se de outras lideranças políticas no DF que fogem à linha ideológica do partido;
- Oswaldo Eustáquio: quando foi preso, travou conflito com a ministra Damares Alves, afirmando que seu ministério deveria ter agido para impedir o fato. A divergência causou estresse na cúpula do PTB;
“Sou membro do diretório nacional eleito. Para me expulsar, tem que ter motivo muito grave […] Não negocio valores e essa talvez seja essa a maior encrenca deles comigo no PTB”, disse Oswaldo Eustáquio. Ele, que está no México e chega ao Brasil na próxima semana, diz que Roberto Jefferson — quem diz ser seu amigo — pode ter sido “induzido ao erro”.
A presidente interina do partido, Graciela Nienov, pessoa em quem Roberto Jefferson disse em carta confiar, conversou com Bolsonaro durante uma hora no Palácio da Alvorada no último domingo (26.set.2021). Levou um texto de seu mentor político ao presidente da República na qual Bob, como Jefferson é conhecido entre os apoiadores, dizia sobre a amizade com o chefe do Executivo e sobre a importância de levá-lo para o PTB.
Ela fez o convite da filiação oficialmente. A ela, o presidente reforçou seu único pedido: quer indicar os candidatos ao Senado. Ela acatou. Ele, então, disse que avaliaria a proposta.
Bolsonaro está inclinado a fechar com o partido e finalmente escolher uma nova sigla para se candidatar em 2022, mas, assim como aconteceu na negociação com o PRTB e o Patriota, tem receio de os conflitos internos da sigla atrapalharem o processo de filiação. Esses últimos movimentos de desfiliação, então, seriam uma cartada dos atuais dirigentes para viabilizar a pronta decisão do chefe do Executivo.
Mesmo sem martelo batido, a sigla já está preparada para receber Bolsonaro ainda neste ano. A ala mais otimista organiza um evento para 14 de outubro, que seria uma festa de boas-vindas na sede do partido.
Cálculos internos dos integrantes do partido apontam que o PTB pretende eleger de 25 a 30 deputados federais caso não haja a filiação de Bolsonaro. Com a ida do presidente, os dirigentes calculam 60 ou mais.
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