A postura do silêncio adotada pelo prefeito de Olivença, Josimar Dionísio (MDB), o "Jó", e seu irmão, o presidente da Câmara Municipal, Genival Dionísio Barbosa Neto, o "Valzinho do Jeci", após denúncias de suposto enriquecimento ilícito e pagamento de propinas de alguns vereadores intriga a população.
Distantes um ano das eleições municipais, os oliventinos assistem a uma série de denúncias contra o prefeito, que já confirma sua pré-candidatura à reeleição, e também a sua família.
No mais recente episódio, o vereador Antônio Soares de Melo, o "Antônio Agostinho" (PL), sétimo mais votado na última eleição, quando obteve 325 votos, afirmou que através de seu colega, o presidente da Câmara, alguns vereadores recebem dinheiro oriundo de um suposto esquema de propina. Os valores seriam pagos, conforme Antônio Agostinho, para garantir que o prefeito Jó não tenha oposição no Legislativo Municipal.
A denúncia do vereador aconteceu durante uma entrevista a Rádio Milênio, em Santana do Ipanema, ao programa Liberdade de Expressão, na manhã da última quarta-feira (4), onde Agostinho, que também afirmou que já recebeu dinheiro do suposto esquema de propina, confirmou seu rompimento com o prefeito e seu grupo após, durante as eleições de 2020, ter conseguido dinheiro emprestado para financiar a campanha de Jó e, diante da recusa do prefeito em saldar a dívida, hoje está com o nome ‘sujo’ no banco e devendo a agiotas.
Ainda na entrevista, o vereador revelou que a dívida geral é superior aos R$ 85 mil, mas que o prefeito só lhe pagou menos de R$ 15 mil e que de tanto insistir para receber o restante do dinheiro, a fim de pagar ao banco e às pessoas que lhe confiaram emprestar a outra parte do valor, teria sido ameaçado pelo presidente da Câmara.
Antônio Agostinho garantiu durante a entrevista que após as eleições o prefeito, além de supostamente lhe garantir através do irmão (Valzinho do Jeci) um valor em propina, também mantinha uma ‘ajuda’ para um de seus filhos, que recebia cerca de R$ 5 mil.
O vereador também acusa o ex-presidente da Câmara de Olivença, Agnaldo Oliveira de Carvalho, eleito com 504 votos, de prejudicar sua imagem pública, promovendo contra ele (Antônio Agostinho) uma campanha difamatória. Agnaldo, que hoje apoia o prefeito, antes, quando era presidente do Legislativo, foi responsável por uma série de denúncias contra Jó, chegando a afirmar que o prefeito foi quem planejou sua prisão, no dia das eleições municipais, quando foi acusado de compra de votos. No ano passado o vereador Agnaldo, em sucessivas entrevistas a Rádio Milênio, acusou o prefeito de trocar cestas básicas por votos a favor de candidatos a deputados e de enriquecimento ilícito, privilegiando, segundo dizia Agnaldo, alguns dos parentes do prefeito. Porém, após uma negociação política, Agnaldo saiu da ‘oposição’, ajudando a eleger o irmão de Jó para a presidência da Câmara e hoje integra a base do prefeito.
A acusação de propinas pagas a vereadores de Olivença, segundo Antônio Agostinho, será oficializada a Polícia Federal. Agostinho também responsabiliza ao prefeito tudo que lhe acontecer a partir de agora.
Mas as denúncias contra o gestor oliventino não param por aí. Na mesma entrevista a Milênio, o ex-prefeito Mailson Bulhões, ainda sem partido e que acompanhava o vereador, disse que o prefeito terá que se explicar a Justiça sobre o aumento de seu patrimônio pessoal.
Mailson, que confirmou durante a entrevista ser pré-candidato a prefeito, disse que durante as eleições de 2020 ajudou a eleger Jó, cedendo sua residência para os encontros políticos e indo as casas das pessoas – a mando do na época candidato – e fazendo os ‘acertos’ necessários para conquistar os votos.
Durante sua fala a rádio, Mailson acusou seu ex-aliado de traição, de lhe usar politicamente e não cumprir com nada do que foi acertado. Mailson Bulhões também disse que Jó, com um salário menor que R$ 20 mil e sem outra fonte de renda, adquiriu chácaras, apartamento, construiu mansões em Olivença e Arapiraca e comprou um meio caminhão e carros luxuosos para ele, o irmão (o vereador Valzinho do Jeci) e outros parentes. Mailson também garantiu que suas denúncias serão entregues ao Ministério Público.
Na cidade os comentários dão conta que o vice-prefeito, Franklin Quintino, rompeu politicamente com Jó e seu grupo. Insatisfeito com tantas denúncias contra o prefeito e principalmente sem nenhuma atribuição na gestão, suspeitando-se que foi para não permitir que o vice ganhasse notoriedade e fosse seu sucessor, Franklin e toda a família decidiram não mais apoiá-lo.
O Correio Notícia tentou ouvir o prefeito Josimar Dionísio e o presidente da Câmara a respeito das denúncias, mas as ligações não foram atendidas. Também procuramos o vice-prefeito, Franklin Quintino, mas ele não foi encontrado. O portal reforça que o espaço segue aberto para qualquer um dos três que quiserem se manifestar sobre o tema.
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