Severino de Souza Neto é uma sumidade. É um dos nossos maiores poetas. O próprio Virgílio Gonçalves tiraria o chapéu ao ler alguns dos seus versos, como este, "Tico-tico":
De madrugada acordei
Com um canto de um passarinho
Eu fiquei observando
Ele cantando sozinho
Aquela melodia linda
Mais linda que um som de pinho
Eu percebi que o canto
Vinha de um pé de angico
Pelo canto conheci
Que era um tico - tico
Um pequeno passarinho
Com tanta força no bico
Até no campo os florais
Que estavam adormecidos
Se apertaram para ouvir
Aqueles solfejos sentidos
Que acalentaram minha alma
E medicou meus ouvidos
E o minúsculo passarinho
Canta e encanta a floresta
Sua bela sinfonia
Não precisa de orquestra
Nem precisou de coral
Pra ele fazer a festa
Com propriedade, no prefácio do seu novo livro, seu filho Wellington Jean Barbosa de Sousa nos diz:
Em “Fim de Tarde”, há uma compilação de poesias, que na verdade é apenas um terço de toda sua produção poética ao longo desses nove anos, após sua última publicação. Podemos observar como que esse paraibano, carirense, traduz em poesia, rimas, motes e repentes suas experiências e histórias de vida marcada por uma infância, juventude e parte da vida adulta nas terras de São Sebastião do Umbuzeiro, Zabelê e o Sítio Santa Clara, na Paraíba.
Assim, sentimos a paisagem da escrita deste grande poeta.
Seu segundo livro foi publicado em 18 de Junho, no dia do seu aniversário, e assim confirma-se definitivamente seu lugar entre os grandes da poesia popular.
Intitulado "Fim de Tarde”, seu livro nos apresenta 31 poemas que transitam entre pequenos cordéis até a poesia em quadras. No seu livro não faltam rimas, causos, homenagens e boas surpresas, como nos poemas “Abotija de Tia Chica” e “Saco de Doido”, que nos fazem rir “até umas horas”.
Eis mais um pedacinho de um dos seus poemas:
A botija de Tia Chica
Dizem que antigamente
Quando a pessoa era rica
Escondia prata e ouro
Também escondia chica
Então aqui vou falar
Da botija de tia chica
Aqui vou deixar a dica
Sobre sua covardia
Ela comia uma unha
Enquanto a outra crescia
E tudo que arrumava
Sem valor ela escondia
E ali na freguesia
Se alguém lhe perguntava
Se ela tinha dinheiro
Ela calada ficava
Se tinha ou se não tinha
Nenhuma dica ela dava
O povo então comentava
Sobre seu jeito calado
E por ela ser sozinha
E ainda comprar fiado
Diziam que ela tinha
Muito dinheiro enterrado
Um casarão deteriorado
Era sua moradia...
Acima, somente um trechinho do poema. Aposto que você terá uma grande surpresa quanto lê-lo até o final!
Na poesia de Severino, além das narrativas sobre pessoas e acontecimentos cotidianos, ainda há uma autêntica exaltação à beleza da natureza, como em “A lua e a fogueira”, em septilhas (sete estrofes). Mas este e outros poemas você precisará ler no livro. Encomende o seu exemplar na Papelaria Torres.
Ah, sim. Quase esqueci de dizer, que a fotografia da capa eu tive a honra de realizar. “Pense num poeta bonito e charmoso”, segundo me disse, feliz da vida, a sua filha Wellida (também uma grande artista delmirense).
Aplausos à cultura delmirense que brilha sempre e por si só.
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