A Polícia Federal (PF) instaurou um inquérito para apurar se o economista Paulo Guedes, futuro ministro da Economia do governo de Jair Bolsonaro (PSL), cometeu irregularidades na gestão financeira de fundos de investimento. A PF atendeu pedido do Ministério Público Federal (MPF), que havia requisitado o inquérito em outubro.
Em nota, a defesa de Paulo Guedes afirmou que ele agiu corretamente em todas as operações envolvendo fundos. "A defesa de Paulo Guedes reafirma a lisura de todas as operações do fundo que, diga-se de passagem, deu lucro aos cotistas, incluindo os Fundos de Pensão. Espera também que a investigação – agora corretamente conduzida no âmbito da Polícia Federal – apure as incoerências do relatório irregular produzido na Previc", disseram os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso.
A partir de janeiro, quando virar ministro, a apuração preliminar sobre Paulo Guedes poderá ser reavaliada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em razão do foro privilegiado que ele passará a ter. Mas, como o Supremo Tribunal Federal (STF) limitou o foro para suspeitas relacionadas ao cargo inclusive para ministros de Estado, a expectativa é de que essa investigação prossiga mesmo na primeira instância.
A PF vai apurar se os investimentos do fundos foram aprovados sem análise adequada e se geraram lucros excessivos a Guedes. Também vai verificar a aplicação de recursos recebidos por Guedes dos fundos.
Investigação
No procedimento já aberto pelo Ministério Público Federal, está previsto um depoimento de Paulo Guedes na próxima quarta-feira (5/12).
De acordo com o MPF, dois fundos de investimentos criados por Paulo Guedes tinham a promessa de receber R$ 1 bilhão de sete fundos de pensão, a partir de 2009. A investigação não aponta quanto deste dinheiro foi, de fato, investido.
No primeiro ano, 2009, os investimentos dos fundos de pensão somaram mais de R$ 60 milhões. Chamou a atenção dos investigadores que os quatro fundos de pensão que mais investiram com Paulo Guedes na época, Previ, Petros, Funcef e Postalis, são hoje alvos de operações de forças-tarefas, com foco nesta modalidade de investimento, o FIP.
De acordo com o MP, depois de receber os recursos dos fundos de pensão, o Fundo BR Educacional investiu o dinheiro de seus cotistas em apenas uma empresa, a HSM Educacional S/A, também controlada por Paulo Guedes.
Com o investimento dos fundos, a HSM Educacional comprou 100% do capital de outra empresa criada por Paulo Guedes, a HSM do Brasil S/A. E os investigadores registraram: "Nos chama a atenção o ágio de 16,5 milhões de reais pago pelas ações da HSM do Brasil, conforme registrado nas demonstrações contábeis da investida".
E concluem: "Cabe indagar a razão de pagamento de ágio em montante considerável à empresa vendedora, com sede na Argentina".
Segundo os investigadores, depois dos investimentos dos fundos de pensão, as atividades operacionais da HSM do Brasil S/A apresentaram prejuízos recorrentes.
A suspeita é que os investimentos dos fundos de pensão tenham sido aprovados sem uma análise adequada e tenham gerado lucros excessivos a Paulo Guedes. Por isso, os procuradores querem saber como os fundos de pensão decidiram investir na empresa de Guedes e como foi aplicado esse dinheiro.
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