Petistas e tucanos estão preparando as munições para a guerra no horário eleitoral. As coligações montadas por PSDB e PT garantem a ambas as legendas os maiores espaços na propaganda gratuita no rádio e televisão, que se inicia em 31 de agosto. Os petistas apostam na retórica de que os adversários são a continuidade do governo Michel Temer. Os tucanos, por sua vez, vão defender que a crise econômica foi construída nos 13 anos dos governos dos ex-presidentes Lula e Dilma.
O horário eleitoral foi reduzido de 45 para 35 dias. Uma semana e três dias a menos para trabalhar o convencimento ou uma peça publicitária diferente, reconhece o deputado Carlos Zarattini (PT-SP). “Isso implica na campanha, mas vamos otimizar os esforços para termos boas possibilidades de vitória”, destacou.
A estratégia petista com as 26 inserções diárias e os 2 minutos e 22 segundos em cada bloco terá duas frentes. Uma é recuperar o histórico das gestões petistas de Lula. O de um governo preocupado com emprego, distribuição e igualdade de renda.
O mote principal, contudo, será voltado para atacar a coligação montada por PSDB, que inclui o centrão. A ideia é vincular a imagem da coalizão tucana como um grupo que entrega o pré-sal e apoiou a reforma trabalhista.
A tática tucana vai na mesma linha de confronto. Com 62 inserções diárias e 5 minutos e 32 segundos em cada bloco do horário eleitoral, a ideia é construir uma narrativa que mostre o PT como o responsável pela crise econômica, sustentada em uma imagem petista vinculada ao populismo. Os cerca de 45% do tempo de televisão são vistos pelos tucanos como suficientes para desconstruir a retórica adversária e mostrar como uma gestão comandada por Geraldo Alckmin pode recolocar o Brasil nos trilhos, explica o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), primeiro vice-líder da legenda na Câmara. “Vamos ter a possibilidade de recontar a história. E o PT terá menos tempo que nós para contra-atacar.”
Sem muitos minutos de televisão, as legendas acreditam que Jair Bolsonaro, do PSL, pode desidratar. “Ele vai sumir deste debate”, disse Gomes. A estratégia do PT e do PSDB será voltada para o confronto direto entre ambos. Para o cientista político Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a estratégia não é equivocada. “Não acredito que escolherão Bolsonaro como um rival. Quanto menos comentarem, mais isolado ele ficará em termos comunicativos. A estratégia das legendas é polarizar o debate e deixar Bolsonaro de lado, para desaparecer no horário de televisão.”
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