Os preços dos tomates e dos ovos dispararam em março.
O tomate ficou 22% mais caro em relação a fevereiro, enquanto o ovo registrou a sua 4ª alta mensal, ao subir 13%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na sexta-feira (11).
No ano, o tomate acumula uma alta de 53%, enquanto os ovos, de 31%. Entenda abaixo por que esses alimentos estão mais caros.
Plantio de tomate diminuiu
Entre junho de 2024 e fevereiro deste ano, o preço do tomate pago ao agricultor ficou muito baixo, o que fez muitos produtores desistirem de plantar ou se descapitalizarem, provocando uma redução do plantio, conta o pesquisador João Paulo Deleo, do Cepea-Esalq/USP.
Além disso, boa parte da safra de verão foi disponibilizada para venda entre outubro e novembro, o que diminuiu a oferta de tomates para março e maio. A produtividade (volume colhido por área) também recuou a partir de fevereiro, contribuindo para a alta de preços.
"No momento a safra de verão segue para o final, e a de inverno ainda se inicia lenta. Além disso, a safra de inverno se inicia com produtividade baixa em algumas regiões, o que deve manter a oferta controlada", diz Deleo.
"Assim, os valores devem se sustentar em patamares similares ao atual nesse mês e no próximo, podendo ter variações positivas ou negativas. Com a intensificação da safra de inverno a partir de junho, pode haver um aumento na oferta", acrescenta.
Ovos continuam em alta
O ovo está ficando mais caro para o consumidor desde dezembro do ano passado por diversos motivos.
Um deles é o custo do milho, principal componente da alimentação das galinhas, que subiu 30% entre julho de 2024 e fevereiro deste ano.
Além disso, houve um aumento no valor das embalagens, que disparou mais 100% nos oito meses encerrados em fevereiro, segundo dados do Instituto Ovos Brasil (IOB).
As galinhas também sofreram com as ondas de calor de intenso entre o ano passado e início de 2025. Diante das altas temperaturas, as galinhas comem menos ração e acabam produzindo menos ovos.
Tem também o fator Quaresma, os 40 dias que antecedem a Páscoa, período em que os católicos costumam diminuir o consumo de carne vermelha, o que aumenta a procura pelos ovos.
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os preços devem se normalizar após o período religioso.
Um outro fator que tem sido muito questionado é a disparada da exportação de ovos para os Estados Unidos.
Entre janeiro e março, os EUA importaram 2.705 toneladas de ovos do Brasil, uma alta de 346,4% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da ABPA.
O aumento das compras ocorre em meio a surto de gripe aviária nos EUA, que dizimou milhares de aves no país, e levou o preço dos ovos a níveis recordes.
“Neste mês verificamos, de forma mais expressiva, os resultados positivos da abertura dos Estados Unidos para ovos produzidos no Brasil para termoprocessamento localmente para produtos de consumo humano", avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
Apesar disso, Santin avalia que a oferta de ovos para o mercado brasileiro tem sido preservada, pois, segundo ele, as exportações brasileiras ainda representam 1% do total da produção nacional.
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