Um estudo do Instituto Socioambiental concluiu que a destruição da floresta em terras indígenas na Amazônia aumentou vertiginosamente.
O desmatamento atingiu 115 terras indígenas em 2019. Os dados são do Prodes, sistema oficial do Inpe de monitoramento da Amazônia.
Foram destruídos 42.679 hectares em 2019, quase duas vezes o tamanho da cidade do Recife, 80% a mais na comparação com o ano anterior.
A situação é ainda pior quando se analisa as terras com registros dos chamados povos isolados, ou seja, indígenas sem contato com a sociedade. O estudo destaca que, nessas áreas, o desmatamento em 2019 mais que dobrou em relação a 2018.
Em Ituna Itatá, no Pará, o desmatamento foi assustador: 656% maior em 2019.
O relatório acusa o governo de contribuir para esse cenário.
As decisões tomadas pelo governo de Jair Bolsonaro fragilizaram as políticas de controle ambiental no país e contribuíram para a diminuição da fiscalização, o aumento do desmatamento em terras públicas e, consequentemente, a violação dos direitos dos povos indígenas.
Cita exemplos de decisões do governo como cortes orçamentários profundos, afetando principalmente a fiscalização; anulação de multas; paralisação de financiamentos significativos para a conservação; liberação de autorizações ambientais à revelia de pareceres técnicos.
“Todo desmatamento evitado nos últimos 20 anos pode ser revertido nos próximos se não houver investimento na fiscalização e na proteção da floresta. Um retrocesso na fiscalização e na prevenção do desmatamento pode levar a uma ameaça muito concreta para a vida desses povos indígenas que vivem em isolamento”, disse o pesquisador Tiago Moreira, do Instituto Socioambiental.
O instituto alerta também para o projeto do governo que autoriza a mineração em terras indígenas encaminhado para análise do Congresso.
O estudo vai ser apresentado na terça-feira (3) à Comissão de Direitos Humanos da ONU, na Suíça. O objetivo é chamar atenção da comunidade internacional para as crescentes ameaças aos povos indígenas e pedir ao governo brasileiro que fortaleça a fiscalização e o controle na Amazônia.
Nesta segunda-feira (2), numa reunião da ONU em Genebra, o cacique ianomâmi Davi Kopenawa pediu ajuda.
“Venho aqui para alertar e também informar o que nosso povo indígena está precisando.”
A terra ianomâmi, em Roraima, tem oito registros de povos isolados. O estudo denuncia que lá há uma invasão de 20 mil garimpeiros ilegais em busca de ouro.
O Ministério do Meio Ambiente e a Funai declararam que não tiveram acesso ao relatório e não quiseram se manifestar.
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