Parece que pouco tem adiantado a comoção mundial em torno da situação atual da natureza. Um estudo publicado na revista Current Biology aponta que, entre 1993 e 2009, a extensão de áreas selvagens na Terra caiu mais de 10%. Na Amazônia (não apenas a brasileira), a redução foi ainda maior: 30%.
A análise, feita por uma equipe conduzida pelo biogeógrafo James Watson (da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem sediada na Universidade de Queensland, na Austrália), é diferente da que estamos acostumados. No geral, ambientalistas buscam dados sobre o desmatamento. Este estudo, contudo, foca no desaparecimento de paisagens selvagens intocadas pelo homem.
Os cientistas lembram que regiões selvagens são refúgios vitais onde processos ecológicos e evolucionários ocorrem com mínimo distúrbio humano. Os pesquisadores ressaltam que tais áreas têm um valor inestimável, seja como reduto para espécies com risco de extinção ou até como regulador do clima.
Em 2009, data do fim da pesquisa, cerca de 23% da Terra continuava como área selvagem, segundo o estudo. São cerca de 30,1 milhões de kms quadrados espalhados em sua maioria pela América do Norte, norte da Ásia, norte da África e Austrália.
Os cientistas envolvidos no projeto lembram que as regiões selvagens são quase que totalmente ignoradas em acordos ambientais, pois acredita-se que sejam relativamente livres de ameaças. E os efeitos dessa leniência foram vistos na coleta de dados quase única.
Foram usados mapas comparativos para examinar as mudanças nestas áreas desde o começo dos anos 90. O resultado foi descrito como "catastrófico": perda de um décimo (3,3 milhões de kms quadrados) de regiões selvagens globais em menos de duas décadas.
"Nossas descobertas sublinham a necessidade imediata de políticas internacionais para reconhecer os valores vitais das áreas selvagens e as ameaças sem precedentes que elas enfrentam", dizem os pesquisadores no estudo.
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