"Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade". Essa frase é do jornalista William Randolph Hearst e exprime o que nem todo mundo compreende.
O resultado dessa falta de entendimento é a perseguição contra profissionais de imprensa, que acontece diariamente em todo o mundo. A retaliação vai de processos na Justiça até agressão e assassinato.
Segundo relatório divulgado em 2019 pela ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), o Brasil é o 4ª país do mundo mais perigoso para jornalistas, com o registro de dois assassinatos de profissionais do jornalismo entre janeiro e junho do mesmo ano.
Quanto a perseguição, são vários os casos registrados no país, alguns promovidos até por quem deveria assegurar a liberdade de imprensa, como aconteceu em 2016 com cinco profissionais do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba (PR).
Depois de uma reportagem sobre salários de magistrados e promotores de Justiça, os jornalistas foram alvos de mais de 40 processos por danos morais movidos por juízes e promotores espalhados em 19 comarcas diferentes do estado.
Em Canapi, no interior de Alagoas, o jornalista Márcio Martins foi alvo de 35 processos por crimes contra a honra movidos contra ele pelo prefeito, secretários municipais e vereadores do município, depois dele publicar uma reportagem expondo dados do Portal da Transparência referente à gestão municipal.
O alagoano ainda peregrina nas diversas comarcas do estado em que os processos foram protocolados, diferentemente dos jornalistas paranaenses, que tiveram o sofrimento sobrestado depois que a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou suspender todas as ações judiciais contra eles.
Existem diversos outros casos como esses contra jornalistas, radialistas e blogueiros em todo o país. Conforme a Associação Repórter Sem Fronteira (RSF), o Brasil ocupa o 107º lugar entre 180 países e territórios do Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa de 2020.
Para a Associação Nacional de Jornais (ANJ), a apuração policial, abertura de inquéritos, processos e condenações são imprescindíveis para combater a impunidade, ao lado da intolerância com a liberdade de imprensa, que sustentam os diversos casos contra o exercício da atividade jornalística.
Dessa maneira, enquanto houver impunidade, o ato de publicar aquilo que alguém não quer que se publique vai continuar sendo um risco para quem pratica.
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