A poesia não-convencional de Leo Barth imprime-se no uso radical da linguagem formal, quase até o seu limite, contudo, mantém-se ainda dentro das estruturas frasais da forma poética mais usual, por assim dizer (e este espécime linguístico radical, e por vezes absurdo, quer habitar insistentemente nesta “casa normal”, para lançar seus cômodos pelos ares). Está muito claro o impasse devidamente bem pensado, a operar como tal, no intuito de não sair da forma, todavia “torcer” a norma.
A “diferença” em questão no cerne da sua poesia é o que é dito, pelo uso extensivo de combinações e temas que, se idiossincráticos, são de pleno domínio do autor. Aqui ele faz emergi distintos elementos, os mais radicais, de suas vivências, por meio de uma construção específica de sentidos, pelo uso de imagens, ideias, lugares, situações e personagens.
É preciso dizer que o autor, sempre cônscio da margem de cada palavra que utiliza, às vezes percebe em uma ou outra uma normalidade excessiva de “vestir-se conforme a festa”, por causa disso, reveste-as de elementos novos que justificam uma vontade-de-neologismo.
O autor — empoderado pela sua escrita e consciente do seu estilo — utiliza-se de aglutinações, fabulações, expressões codificadas, trocadilhos, inversões fonéticas, fissuras verbais, aliterações e montagens de palavras. Observamos também o uso de elementos gráficos e pontuações, de modo não convencional, certamente no intuito de construir sobre a página, junto ao poema, visualidades de caráter artístico.
Algumas vezes seus versos transitam pela prosa, penso, porém, que apenas para trazer de lá “fauna poética” por vezes exótica ou excêntrica e em alto contraste, fazendo que cada um dos seus poemas propicie uma experiência incomum e arrebatadora para o leitor. Com a presente obra Leo Barth traz à tona aquilo que definíamos como Vanguarda, e se insere nela, na Vanguarda fantasmorridas e ressurrecta que ele mesmo desperta e ao seu modo.
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