José Reginaldo Medeiros, nascido em 1978, é poeta e cordelista residente em Água Branca. Escreveu seu primeiro poema em 04 de novembro de 2018. Teve uma infância voltada à leitura de livros e gibis. Nesse período, inventava suas primeiras histórias e as memorizava. Estas seriam a base da sua literatura de cordel, em uma produção de mais de 50 poemas, como metrificação clássica, em sextilhas, septilhas, décimas.
Pertence a Academia Alagoana de Literatura de Cordel desde 30 de Março de 2019, sendo o único representante do alto sertão alagoano, e ocupando a cadeira de número 21. Seu patrono é Manoel Camilo dos Santos, cordelista paraibano da década de 40. Publicou 3 livretos de cordéis — “As trilhas de Água Branca”, “O Barão de Água Branca e seu Palacete em ruínas” e “Rimando com a Banda Santa Cecília”. Sua temática é regionalista e prestigia a fortuna cultural do Lugar, mas o autor ainda compõe seus versos com temáticas de âmbito social, tal como o poema “Vá pra escola” e o “Ignoram a Cultura”, este último uma septilha:
Eu quero tudo de volta
me devolvam por favor
a nossa rica cultura
praticada com amor
em tempo muito remoto
que bem triste agora eu noto
não te deram bom valor.
E de uma certa maneira
talvez por perversidade
deixaram tudo acabar
com simples facilidade
nos deixando bem mais pobre
ao contrário do que é nobre
sem a nossa identidade.
Pergunto agora a vocês
que foram dela tutores
respondam sinceramente
a mim, também aos leitores
onde está o meu reisado
e o pastoril animado
que não vejo meus senhores?
Infelizmente a resposta
tomou aquele “doril”
ignoraram a história
cheia de valores mil
e que bastante encantava
quando logo começava
a dança do pastoril.
Tão belo e organizado
pela mestra dona Ana
que com amor ao folguedo
o comandava com gana
para o povo que olhasse
com olhar duro ficasse
sem bater uma pestana.
Ao passar dos vários anos
tiveram alguns lamentos
pedidos e mais pedidos
sobre mais investimentos
para fazer que as crianças
se encantassem com as danças
ou diferentes eventos.
com isso a identidade
do meu povo resistente
às futuras gerações
passaria facilmente
e ficaria enraizada
muito forte, estruturada
no sangue de nossa gente.
O nosso lindo reisado
claudicando de muleta
em certo canto esquecido
já batendo a caçoleta
jamais perderia o norte,
seu som seria mais forte
do que tiro de espoleta.
Seu “Dedeca” lá da serra
que faz trabalho brilhoso
dedicando a sua vida
de modo muito orgulhoso
ao tão bonito reisado
por alguns bem desprezado
ia achar maravilhoso.
Vendo a colorida dança
muito linda executada
com pés marcando o compasso,
harmonia ritmada,
as fitas esvoaçando
enquanto que vão dançando
com singeleza encantada.
Eu acredito que em “bogue”
o velho Sebastião
brotaria uma saudade
do fundo do coração
deixando-o emocionado
vendo o Mateus enfezado
com teu chicote na mão.
É triste ver os folguedos
morrerem desta maneira
e nossa rica cultura
ser sinônimo de besteira
para alguns ignorantes
que por serem maus pensantes
os esquecem na soleira.
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