O improvável aconteceu em Canapi, no Sertão de Alagoas, nesta sexta-feira (23): o vereador Silvan de Souza, que é o primeiro secretário da Câmara de Vereadores e o quarto na linha sucessória do prefeito, tomou posse como prefeito interino da cidade.
Ele chegou ao cargo após o afastamento do titular, Celso Luiz (PMDB), o impedimento do vice-prefeito Genaldo Vieira (PT do B), conhecido como Vieira do Povão, que seria o primeiro na linha sucessória do prefeito, a recusa em assumir o cargo do presidente da Câmara, o vereador Luciano Malta (PMDB), que seria o segundo, e do vice-presidente do Legislativo, vereador Arnaldo Barbosa, que seria o terceiro na sucessão.
A cidade vive dias de incerteza sobre quem comanda o Poder Executivo desde o dia 29 de julho deste ano, quando o prefeito Celso Luiz foi afastado do cargo pela primeira vez, por decisão do juiz João Dirceu Soares Moraes, da Comarca de Mata Grande, por suspeita no envolvimento do desvio de R$ 10 milhões da educação do município de Canapi.
Nesse período, o vice-prefeito Vieira do Povão e o presidente da Câmara, Luciano Malta, além do próprio prefeito Celso Luiz, se alternaram no comando do Executivo, após sucessivas decisões judiciais de primeira e de segunda instância. Agora, o vereador Silvan de Souza chega ao poder e se torna o quarto gestor do município em menos de três meses.
O mais recente afastamento do prefeito Celso Luiz ocorreu no dia 15 deste mês, por decisão do mesmo juiz da Comarca de Mata Grande. Ele é acusado de cometer irregularidades no Instituto de Previdência do Município (Iprev). De acordo com a denúncia, a Prefeitura deixou de repassar as contribuições previdenciárias patronais e descontadas dos servidores, entre janeiro de 2013 e agosto de 2014. O dano ao erário seria de R$ 805.898,31 referentes às contribuições dos servidores e de R$ 1.389.846,44 das contribuições patronais. Esse novo afastamento deve durar 180 dias.
Vice-prefeito cassado fala em manobra política
Procurado pela reportagem do Correio Notícia, o vice-prefeito Vieira do Povão disse que já ingressou com um mandado de segurança na Justiça para reassumir o mandato. Ele foi cassado pelos vereadores após ter realizado a contratação de empresas para realizarem a festa comemorativa da emancipação política da cidade no período em que ficou apenas 12 dias no cargo, em agosto, por dispensa de licitação.
“Nos dias em que fiquei no cargo como prefeito, eu paguei os salários dos concursados que estavam atrasados, paguei os salários do mês, recolhi os 11% dos ativos para o Iprev (Instituto da Previdência) e usei apenas 30% do que o prefeito afastado tinha usado em todas as outras festas de emancipação política nos anos anteriores, porque não tinha como fazer licitação em tão pouco tempo. Nós usamos apenas 30%, está tudo comprovado, tudo com nota fiscal. Os vereadores usaram uma manobra política pra me afastar”, argumentou Vieira do Povão.
“A intenção deles é dificultar a situação da cidade e se beneficiar politicamente. Eu queria era que a Justiça e o Ministério Público enviassem um interventor pra cidade, pra administrar a cidade. Eu não tenho a vaidade de ser prefeito, não, mas quero ver o povo vivendo bem. E não sou candidato a nada esse ano”, defendeu Vieira do Povão.
A reportagem tentou contato, por telefone, com o presidente da Câmara de Vereadores de Canapi, Luciano Malta, para saber por qual motivo ele se recusou a assumir o Poder Executivo, porém, o telefone dele estava fora de área ou desligado.
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