Em um vídeo que circula nas redes sociais, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e parlamentar que teve a maior votação nesta eleição, afirmou que "se quiser fechar o STF [...] manda um soldado e um cabo".
Em tom de ameaça, durante uma palestra feita antes do primeiro turno das eleições, ele dissse que se o STF impugnar a candidatura do pai “terá que pagar para ver o que acontece". "Será que eles vão ter essa força mesmo?", pergunta.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de o Supremo Tribuna Federal impedir que Bolsonaro assumisse a presidência se ele vencesse no primeiro turno das eleições e se o Exército poderia agir nesse caso, o deputado respondeu:
"Aí já está encaminhando para um estado de exceção. O STF vai ter que pagar para ver. E aí quando ele pagar para ver, vai ser ele contra nós. Você tá indo para um pensamento que muitas pessoas falam, e muito pouco pode ser dito. Mas se o STF quiser arguir qualquer coisa - recebeu uma doação ilegal de cem reais do José da Silva e então impugna a candidatura dele. Eu não acho isso improvável, não. Mas aí vai ter que pagar para ver. Será que eles vão ter essa força mesmo? O pessoal até brinca lá: se quiser fechar o STF, você sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo não."
Ele continuou: "O quê que é o STF, cara? Tira o poder da caneta de um ministro do STF, o quê que ele é na rua? Você acha que a população... Se você prender um ministro do STF, você acha que vai ter uma manifestação popular a favor do ministro do STF?"
Eduardo Bolsonaro se manifestou numa rede social sobre o vídeo neste domingo (21). Ele disse que apenas respondeu a uma "hipótese esdrúxula" sobre a impugnação de Jair Bolsonaro sem qualquer fundamento. Ele afirmou que jamais acreditou nessa possibilidade, mas que, se algo parecido acontecesse seria algo fora da normalidade democrática. E que citou apenas uma brincadeira que diz ter ouvido na rua. Eduardo Bolsonaro disse que se foi infeliz e atingiu alguém, pede desculpa tranquilamente e diz que não era a intenção dele. Diz que a divulgação do vídeo não é motivo para alarde e visa a atingir o pai, Jair Bolsonaro. Eduardo diz que tem a consciência tranquila e que o momento é de acalmar os ânimos que, segundo ele, são inflados propositadamente para criar uma atmosfera de instabilidade.
Repercussão
Ao ser questionado sobre a afirmação neste domingo (21) e antes de saber que a fala era de seu filho, Jair Bolsonaro afirmou: "Não existe crítica sobre fechar STF. Se alguém falou em fechar STF, precisa consultar um psiquiatra". Quando foi informado ao presidenciável que era seu filho que havia falado sobre fechamento do Supremo, ele disse: "Eu desconheço. Duvido. Alguém tirou de contexto."
Durante entrevista em São Luís (MA), Haddad classificou a família de Bolsonaro como "grupo de milicianos" e "gente de quinta categoria", ao ser perguntado sobre as declarações de Eduardo Bolsonaro no vídeo.
"O filho dele chegou a gravar um pensamento, se é que pode se chamar assim o que eles falam, em que diz que vai fechar o Supremo Tribunal Federal, se eles desafiassem o Poder Executivo. Mandariam um cabo e um soldado, nem de jipe precisaria", afirmou Haddad. "Esse pessoal é uma milícia. Não é um candidato a presidente. É um chefe de milícia. Os filhos deles são milicianos, são capangas. É gente de quinta categoria."
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comentou a fala de Eduardo Bolsonaro no Twitter: "As declarações do dep. E Bolsonaro merecem repúdio dos democratas. Prega a ação direta, ameaça o STF. Não apoio chicanas contra os vencedores, mas estas cruzaram a linha, cheiram a fascismo. Têm meu repúdio, como quaisquer outras, de qualquer partido, contra leis, a Constituição."
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, afirmou: “Eu tive conhecimento, me foi trazido pela assessoria o vídeo e me foi trazido ao conhecimento que o vídeo já foi desautorizado pelo candidato. De qualquer sorte, o que eu tenho a registrar, embora não sendo presidente do Supremo Tribunal Federal e sim do Tribunal Superior Eleitoral, que no Brasil as instituições estão funcionando normalmente e juiz algum no Brasil... os juízes todos no Brasil honram a toga e não se deixam abalar por qualquer manifestação que eventualmente possa ser compreendida como de todo inadequada.”
Até a última atualização desta reportagem, o STF não havia se manifestado sobre as afirmações de Eduardo Bolsonaro. Clique aqui para assistir ao vídeo no portal G1.
Utilize o formulário abaixo para comentar.