A revolta da população sertaneja com a constante falta de água só cresce. Em diversos municípios do Sertão de Alagoas, famílias vivem há semanas — e, em alguns casos, há meses — sem abastecimento regular. Mesmo com as torneiras secas, os consumidores continuam recebendo as contas e, para ter acesso ao mínimo necessário, são obrigados a pagar por tonéis ou caminhões-pipa.
Nesta quinta-feira (24), a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) informou que uma manutenção emergencial em um dos conjuntos motobomba da Estação de Tratamento de Água (ETA) de Água Branca está comprometendo o fornecimento de água para os municípios de Canapi, Pariconha, Mata Grande e Água Branca. Não há previsão para o restabelecimento total do serviço.
Em Pariconha, moradores realizaram protestos no início do mês exigindo água nas torneiras. Um dos principais pontos de indignação é o fato de o município abrigar a ETA e ser cortado pelo Canal do Sertão. Mesmo assim, comunidades como Campinhos, Verdão e Corredores enfrentam um cenário caótico de desabastecimento.
Delmiro Gouveia, Canapi e Mata Grande também convivem com a escassez. Nesta última, segundo moradores, já são cerca de 30 dias sem qualquer fornecimento.
A crise atinge ainda o Médio Sertão. Em Senador Rui Palmeira, Carneiros, São José da Tapera, Santana do Ipanema, Dois Riachos, Poço das Trincheiras, Maravilha e Ouro Branco, há localidades sem água desde o fim do ano passado.
Diante do caos, vereadores de municípios como Santana, Tapera e Poço das Trincheiras têm promovido audiências públicas, convocando representantes da Casal e da Conasa/Águas do Sertão. Entretanto, a falta de diálogo entre as empresas tem frustrado a população. É comum que apenas um lado compareça e atribua a responsabilidade à outra concessionária.
Durante as audiências, populares denunciam o mau atendimento nos escritórios da Conasa e o descaso nas ligações feitas à central. Além disso, há críticas ao reajuste nas tarifas, mesmo sem o fornecimento efetivo do serviço.
O procurador-geral de Justiça, Lean Araújo, orientou os promotores de Justiça a acolherem as denúncias e adotarem medidas para impedir a cobrança indevida das contas e responsabilizar as empresas responsáveis.
"É necessário que a população se una e procure a sede do Ministério Público em suas cidades. Levem as contas para que possamos ajudar. Ninguém pode pagar por aquilo que não recebe", declarou Araújo.
Sem unidades do Procon na maioria das cidades sertanejas, a população também tem sido orientada a denunciar o problema à Arsal e às Defensorias Públicas.
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