O policial militar do Estado da Bahia, identificado como Danilo da Silva, 33, suspeito de estupro e ameaça contra uma adolescente de 17 anos de idade, em Delmiro Gouveia, se apresentou à polícia, nesta terça-feira (13).
Na presença de um advogado, o militar foi até a Delegacia Regional de Polícia (1ª-DRP), sediada no município, onde prestou depoimento. A informação foi confirmada pelo chefe de operações, Carlos Ângelo.
A Polícia Civil não divulgou para a reportagem do Correio Notícia os detalhes do depoimento de Danilo da Silva porque, segundo ela, o caso está em segredo de Justiça.
O caso
O crime aconteceu no dia 21 de abril de 2017, mas foi registrado somente no último dia 7 deste mês, na 1ª-DRP.
O pai da vítima, cujo nome foi preservado para não expor a filha, relatou para a reportagem que a adolescente, que na época do crime tinha 16 anos de idade, revelou para ele e a esposa que conheceu Danilo da Silva por meio de uma rede social, onde marcaram de se encontrar na conveniência de um posto de combustíveis, localizado no centro da cidade.
Conforme o relato da menor para os pais, no encontro, o suspeito teria dito para ela que estava apaixonado, alegando que havia encontrado a “mulher da vida dele”, depois a levou para conversar dentro do carro dele, com o qual se dirigiu para um motel, situado a margem da AL-145. “Minha filha disse que se negou a entrar, mas ele ignorou e entrou no motel, onde arrancou as roupas dela e a forçou a transar com ele”, relatou o pai.
Segundo o pai da menor, ela contou que o estupro durou cerca de quatro minutos e que depois do ato, Danilo a ameaçou para que não revelasse o ocorrido para ninguém. “Ela não nos contou nada, mas notamos a mudança de comportamento dela em casa. Percebemos que ela estava muitas vezes pensativa e ficava muito sozinha trancada no quarto. Apesar disso, não desconfiamos de que poderia ter acontecido algo tão terrível”, contou.
Como se não bastasse, conforme a adolescente, o policial passou a enviar áudios e mensagens de texto no celular dela, com ameaças de morte contra ela e a família. “Ele dizia que, se ela não transasse novamente com ele, iria matar a gente, os pais, porque sabia onde cada um de nós trabalhava e que depois também iria matá-la”, revelou o pai da moça, que viu as mensagens e ouviu os áudios recuperados no celular da filha.
“Apesar da pressão, minha filha não se rendeu às ameaças, embora tenha sofrido muito com isso, e sozinha. Ela ainda tentou pedir ajuda a familiares do Danilo, mas não recebeu apoio. Chegou ao ponto dela nos pedir para ir morar em Maceió, alegando que pretendia se preparar para estudar medicina. Como não sabíamos de nada e ela sempre foi muito estudiosa, nem desconfiamos que, na verdade, ela queria fugir do estuprador”, disse o pai.
Mesmo distante, a adolescente manteve o comportamento “estranho”, o que chamou a atenção de um amigo para quem, depois de muita insistência, ela acabou relatando o que havia acontecido em Delmiro Gouveia. “Por coincidência, esse rapaz era filho de um major da Polícia Militar, que, após tomar conhecimento do ocorrido por meio do filho, ligou para o Danilo para tirar satisfações”, afirmou o pai da vítima.
Diante do ocorrido, o suspeito revelou para a família que estava sendo acusado de um estupro e que, por conta disso, havia sido ameaçado de morte. Alguns familiares, deduzindo que a ameaça teria partido do pai da vítima, resolveram procurá-lo. “Eles chegaram falando que já tinham arrumado dois advogados e que também tinham comunicado o ocorrido ao batalhão ao qual o militar está lotado. Perguntei do que estavam falando e eles revelaram que o parente estava sendo acusado de molestar minha filha”, contou o pai.
“Foi a pior notícia de minha vida. Eu, que acompanhei muitos casos do tipo, nunca imaginei que pudesse acontecer com minha família. Imediatamente trouxe minha filha de Maceió de volta para casa, onde ela acabou revelando tudo o que aconteceu. Foi quando procuramos a delegacia para registrar o ocorrido”, finalizou o homem, informando que a filha está passando por tratamento psicológico.
A Polícia Civil tentou intimar o suspeito, mas, na ocasião, ele não foi localizado. A família dele informou que ele estava viajando, mas que iria se apresentar logo que retornasse.
Segundo a investigação policial, que já ouviu as testemunhas, entre elas familiares do suspeito, há a suspeita de que outras adolescentes tenham sido vítimas do militar, por isso a Polícia Civil pede que procurem a delegacia. Ainda de acordo com o que foi apurado pela polícia, parentes informaram que Danilo está licenciado do trabalho policial porque vem sofrendo com problema psicológico, inclusive estaria ouvindo vozes.
Utilize o formulário abaixo para comentar.