O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a empresários, durante o jantar realizado nesta terça-feira (27), que acredita em uma vitória no primeiro turno. Mas, para evitar um clima de frustração como o que ocorreu em 2006, o comitê já tem um plano B montado para o caso de a disputa ir para o segundo turno.
No lado de Bolsonaro, a confiança segue na realização da etapa final, mas há um temor de que a rejeição ao presidente cresça às vésperas da votação.
O plano A do comitê de Lula prevê uma vitória no primeiro turno, garantida pela onda que o PT busca criar nesta última semana de campanha, com o anúncio de apoios como os de Joaquim Barbosa, Celso de Mello, André Lara Resende, além de eventos com artistas, atletas e intelectuais. "Estamos num viés de alta e acreditamos no plano A", disse um coordenador da campanha.
O coordenador declarou, porém, que Lula já está se preparando para um cenário de segundo turno. “Não vamos permitir que se repita 2006, quando a campanha estava desnorteada na segunda-feira e não sabia o que fazer, porque o clima era de já ganhou naquela disputa”, afirmou.
Para isso, o plano B prevê uma reunião logo na segunda-feira do Conselho Político para traçar a estratégia do segundo turno, com convocação também de reunião com todos os governadores que estiverem eleitos e apoiarem Lula, além de senadores eleitos alinhados com o petista.
O comitê de Lula acredita que vai eleger todos os senadores nos nove estados do Nordeste, além de garantir a eleição em outros Estados, como São Paulo.
“Não vamos deixar vácuo, já estamos com espírito preparado para um eventual segundo turno, já traçando a estratégia para ganhar na última etapa caso aconteça, não seremos pegos de surpresa”, acrescentou o coordenador. A estratégia prevê procurar Simone Tebet para conquistar seu apoio e conversa com a cúpula do PDT, não com Ciro Gomes.
Já no comitê de Bolsonaro, continua a avaliação de que haverá segundo turno, mas os assessores do presidente temem um aumento da rejeição nestes últimos dias por causa da volta dos ataques feitos por ele contra o Judiciário. “Se a rejeição subir, aí o cenário de segundo turno fica ameaçado, a eleição pode ser definida no domingo”, disse um assessor presidencial.
Para garantir o segundo turno, Bolsonaro aposta num bom desempenho no debate da Globo, que acontece nesta quinta-feira (29). Ao contrário do primeiro debate da eleição presidencial, quando praticamente não se submeteu a um treinamento para o evento, o presidente Jair Bolsonaro transformou o da Globo como seu principal ato de campanha nesta última semana do primeiro turno.
Bolsonaro está sendo treinado para responder aos questionamentos sobre a compra de imóveis em dinheiro vivo, vai buscar passar um lado mais humano e quer conquistar votos de indecisos nesta reta final.
O presidente já dedicou uma parte dos seus últimos dias para treinar para o debate de quinta-feira e intensificará ainda mais este treinamento. Segundo assessores, o presidente já melhorou seu desempenho no segundo debate, quando Lula não esteve presente, e avalia que no último ele deve estar ainda mais bem preparado, principalmente para confrontar Lula.
O comitê de Bolsonaro reconhece, por outro lado, que a previsão de terminar o primeiro turno empatado com Lula está descartada. No cenário realista, a equipe presidencial prevê ficar de sete a oito pontos atrás do petista. No otimista, cinco pontos atrás. E, no pessimista, dez pontos atrás. A confiança, porém, é que haverá segundo turno, principalmente porque Simone Tebet pode crescer nesta semana.
Aí, no segundo turno, a expectativa é que a melhora no cenário econômico tenha maior impacto na eleição, principalmente com uma redução no preço dos alimentos. "Até 30 de outubro, a inflação mais baixa vai começar a bater na prateleira do supermercado, estaremos pagando a terceira parcela do Auxílio Brasil, aí teremos condições de pensar numa virada", avaliou um assessor de Bolsonaro.
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