O presidente Jair Bolsonaro voltou a pedir paciência a apoiadores um dia após ter divulgado a nota de declaração à nação onde recuou das declarações de tom golpista e de ataque a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta sexta-feira (10), em conversa com bolsonaristas na saída do Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo relatou que "alguns querem imediatismo" e, no seu já conhecido estilo de comparar frequentemente cenários políticos a relações românticas, exemplificou que "se namorar e casar em uma semana, vai dar errado o casamento", em referência a não buscar medidas precipitadas.
Ele destacou que a nota foi um aceno positivo ao mercado. "A Bolsa foi lá para cima e o dólar caiu". Um dos apoiadores respondeu: "Aleluia, sabedoria".
Bolsonaro alegou também que o país herdou "acúmulo de lixo" de 40 anos. "O que acontece: cada um fala o que quiser. O cara não lê a nota e reclama. Leia a nota. É bem curtinha. Duas ou três vezes, são 10 pequenos itens. A gente vai acertando. O acúmulo de lixo, de problemas, é de 30, 40 anos".
Por fim destacou que a manifestação dos eleitores e de caminhoneiros foi "excepcional". "Se o dólar dispara, influencia no combustível. Foi excepcional o trabalho de vocês. O retrato está no mundo todo. Todo mundo viu o que está acontecendo. Alguns querem imediatismo, tá. Se você namorar e casar em uma semana, vai dar errado o casamento", justificou.
Live
Durante a transmissão da tradicional live pelas redes sociais, o presidente afirmou na quinta-feira (9) que "não tem nada demais" na nota enviada à nação na qual recua dos ataques proferidos durante as manifestações do 7 de Setembro, e pediu tempo e paciência por parte dos eleitores.
"Os caras querem que eu tome medidas de imediato. Dá um tempo. Dá aí uns dois, três dias para a gente. Dá um tempo. O que aconteceu de imediato: você quer a gasolina mais barato não quer? Álcool, gás, isso tudo está indexado no preço do dólar", relatou.
"De imediato, por volta das 15h publicamos a nota e a Bolsa subiu. E, geralmente quando sobe a Bolsa, o dólar cai, o dólar caiu praticamente 2%. Espero que continue caindo amanhã. Queriam que respondesse (presidente do STF, Luiz) Fux, que fez uma nota dura, sim. Me criticou. Usaram da palavra (presidente da Câmara, Arthur) Lira, (procurador-geral da República, Augusto) Aras; e alguns do meu lado, alguns poucos com discurso pronto: 'Tem que bater, reagir'. Calma, amanhã a gente fala. Deixa acalmar amanhã. Nós temos que dar exemplo aqui em Brasília", disse ontem.
De acordo com Bolsonaro, a resposta dada com a nota foi a de que ele está pronto para o diálogo com os demais Poderes. Ele alegou que o retrato das manifestações servirá para que, em especial, na Praça dos Três Poderes ocorra uma mudança no modo de agir e negou ter atacado o Supremo, citando brigas pontuais.
"Tenho certeza que bons frutos aparecerão nos próximos dias. Dá um tempo, dá um tempo. Alguns estão descendo a lenha em mim, é natural. Paciência, não vou trabalhando buscando uma reeleição como alguns acham".
Bolsonaro justificou ainda que, durante os atos, “ninguém pediu o fechamento de nada”. “Se bem que, pedir fechamento, pô... Quanta gente não tem pedindo 'Fora Bolsonaro'? Tem um montão ou não tem? De vez em quando eu escuto lá de motocicleta: 'Fora Bolsonaro', 'Fora genocida'. Eu vou fazer o quê? Passar com a moto em cima dele? Deixa ele falar, sem problemas. Não dando soco em mim, não me agredindo fisicamente, paciência”.
Em meio à transmissão que semanalmente costuma contar em grande parte com elogios ao presidente, desta vez, apoiadores se dividiram entre defesa e ataques ao chefe do Executivo, se dizendo decepcionados, confusos e cobrando explicações. “Inflama e depois desiste”, escreveu um. “Eu era contra o impeachment, mas, sinceramente, (vice-presidente Hamilton) Mourão pode ser melhor opção”, cogitou outro.
O chefe do Executivo aproveitou para relacionar a inflação ao aumento do consumo: "Todo mundo engordou um pouco mais". Pediu ainda que a população economize energia elétrica e dê preferência ao uso das escadas, evitando elevadores.
"Se der para você subir ou descer no seu prédio dois, três, quatro, cinco andares pela escada, suba”
"Eu peço a você agora, se puder desligar uma lâmpada agora na sua casa, desligue. Nós estamos enfrentando a maior crise hidrológica da história do Brasil. Os reservatórios estão lá embaixo. Até se você tem aquela lâmpada bem fraquinha, acesa, puxa o fio. Em novembro, se Deus quiser, começa a época de chuva. Se não chegar, a gente vai ter problemas. Mas dá para colaborar agora, você apagando (as luzes) aí", apelou.
Utilize o formulário abaixo para comentar.