Pedestres mais atentos que circulam pela Praça da Matriz, em frente à igreja dedicada ao padroeiro São José, no Centro de São José da Tapera, percebem “desenhos” de peixes no piso da localidade. Esses desenhos são, na verdade, fósseis de espécies que viveram no Nordeste há milhões de anos.
Os fósseis estão em várias pedras cerâmicas usadas no novo piso da praça, que foi reformada e reinaugurada em agosto de 2014. Algumas dessas imagens foram enviadas ao Correio Notícia por um leitor que mora na cidade (confira galeria abaixo).
Segundo o paleontólogo e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Jorge Luís Lopes, fósseis de animais diversos são muito comuns em pedras de calcário usadas para construção civil e que são oriundas da Chapada do Araripe, no estado do Ceará, principalmente de municípios como Santana do Cariri, Crato e Araripe.
Os fósseis das cerâmicas usadas na reforma da Praça da Matriz, em São José da Tapera, segundo o professor, são do tipo “dastilbe”. “Os dastilbes e os táreas são os fósseis mais comuns nesses materiais”, acrescentou. O dastilbe é um gênero extinto de peixes ósseos pré-históricos que viveram há milhões de anos. Apesar dos indícios, não se sabe, porém, se as pedras cerâmicas usadas na reforma da praça do município sertanejo realmente vieram do Ceará.
“A Chapada do Araripe, no Ceará, tem a maior concentração de fósseis do mundo. Lá se encontram fósseis de todo tipo de coisas. Em Maceió, há fósseis desses peixes em todo lugar. Essa pedra (usada na praça de São José da Tapera), em Alagoas, é conhecida como Pedra São Tomé. Lá no Ceará ela é chamada de Pedra Cariri”, explicou o professor da Ufal.
Ainda segundo ele, a venda da rocha – de onde se extrai a cerâmica usada nas praças e outros logradouros públicos e particulares do Nordeste – é autorizada. “O que eles vendem é a rocha, e eles têm autorização para isso. Pena que nessas rochas existem tantos fósseis, que acabam sendo levados junto”, concluiu o paleontólogo Jorge Luís Lopes.
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