A Polícia Civil de Alagoas descobriu um plano supostamente arquitetado pela família Boiadeiro para assassinar a prefeita de Batalha, Marina Dantas, e o deputado estadual Paulo Dantas. A polícia divulgou áudios de 2018 nos quais os envolvidos falam sobre toda a trama.
Segundo a polícia, a pessoa contratada para o crime confessou toda a trama. Os delegados responsáveis pelo caso são Fábio Costa, coordenador da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic), Thiago Prado, Cayo Rodrigues e Fabrício Lima.
A polícia apura a suspeita do envolvimento de José Márcio Cavalcanti de Melo, o Baixinho Boiadeiro, no plano para assassinar o casal Dantas.
Segundo as investigações, José Márcio, com o auxílio do seu primo Dênis Boiadeiro, teria pago a quantia de R$ 290 mil a pistoleiros pernambucanos que executariam o parlamentar e a prefeita.
O crime foi encomendado no início do mês de junho de 2018 e a ordem era que o casal fosse morto antes das eleições para evitar que Paulo Dantas se elegesse ao cargo de deputado estadual para o qual concorria.
"A polícia descobriu o plano antes mesmo dele ser executado e descobriu o pistoleiro contratado, que confessou toda a trama de matar o deputado Paulo Dantas e a prefeita Marina Dantas", disse o delegado Fábio Costa.
O plano foi confirmado por meio de áudios, cujas suspeitas levam a crer tratar-se da voz de Baixinho Boiadeiro cobrando o término do serviço. Em alguns dos áudios também pode ser ouvida a voz que, de acordo com a polícia, seria de José Laelson Rodrigues de Melo, o Zé do Laércio Boiadeiro, condenado em 2012 a 35 anos de prisão pelo assassinato do ex-prefeito de Batalha, José Rodrigues Dantas, mais conhecido como Zé Miguel, que era tio de Paulo Dantas.
Áudios:
Em áudios divulgados pela polícia, os Boiadeiros analisam o local onde o crime seria praticado.
"Oia primo, se quiser esperar ele na saída de Batalha pra essa cidade é só deixar uma pessoa lá no posto em cima da Ração Nordeste. Quando o carro dele passar, o caba já vai saber que é ele e a equipe de execução fica na cidade de Jacaré dos Homens. Tem três quebra-molas pra passar na frente dessa cidade".
"É como um fuzil 556. Segurança dele é quatro cara: um com um fuzil 556, outro com uma pistola .40, outro com uma espingarda 12. É os segurança dele são esses, entendeu? Às vezes você vê ele com meio mundo de gente, mas não é tudo segurança, entendeu?".
Os Boiadeiro também trocaram áudios sobre o armamento que seria utilizado para matar o deputado e a prefeita.
"Homi, vocês com uma AK47, com trâs AK... Homi aquele carro dele não guenta não os dois, entendeu? Tô dizendo assim porque um só resolvia. eu tô dizendo assim, de os dois atirando naquele carro preto dele, entendeu? E um caba com outro virado pra trás e outro caba com a 12 ajudando a ele, só pra tanger os seguranças pra trás... num vem ninguém. Você sabe muito bem quando o barrão, quando o bicudo começa a torar, é só carrera que os caba dá. Num fica um não! Num fica um! Agora cê tá mais do que certo, bate na hora certo, e eu tô só no seu aguardo"
Os primos chegaram a planejar uma comemoração depois da execução do casal.
"Primo dois, aqui onde eu tô é longe como a peste, entendeu? É longe como a peste. Só que nós tem essa fazenda sem ninguém saber, entendeu? Aí eu tô com 100, com 100 boi no cocho. Dá pra nois comer um churrasco num dá? Porque eu num faço questão não de nois matar uns 4, 5 pra nois passar uns 20 dias tomando uma (risos). Se Deus quiser. O carvão é fácil demais homi! Aqui a churrasqueira aqui cabe uns dois saco de carvão. E num se preocupe não. Vamos trabalhar que o boi já tá aqui. É só nois pegar os bichos ali e puxar pra cá. Aí meu primo 1 traz vocês na hora pra passar aqui. Pra nois passar 15 dias tomando uma aqui sem botar o pé no chão, se Deus quiser. E o outro carvão já tá com o pé no cipó, lá nas Alagoas, viu?"
A comprovação do envolvimento dos suspeitos na trama criminosa será realizada através de laudo do Instituto de Criminalística que analisará o padrão de voz dos investigados. Os suspeitos serão investigados e o caso corre em segredo de justiça.
Na terça-feira (5), Baixinho Boiadeiro foi condenado a 45 anos de prisão por um duplo homicídio ocorrido em 2006. Após o júri popular, ele foi conduzido à sede da DEIC, onde foi interrogado e negou envolvimento no plano. Ele também é investigado pelo homicídio do vereador de Batalha Tony Pretinho e também pela tentativa de assassinato a José Emílio Dantas.
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