Aliados do próprio presidente da República no Congresso dizem que ele criou o "Bolsolula", a versão do "eu não sabia" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a crise do mensalão. Na segunda-feira (28), Bolsonaro, ao comentar denúncias de irregularidades na compra da vacina Covaxin, disse que não tem como "saber tudo o que acontece nos ministérios".
De forma reservada e em tom de ironia, líderes governistas disseram que o presidente Bolsonaro está acuado diante do depoimento dos irmãos Miranda, que afirmaram à CPI da Covid que a compra da Covaxin está repleta de irregularidades e de pressões com interesses econômicos.
"O presidente criou o 'Bolsolula', a mistura de Bolsonaro e Lula, que na crise do mensalão afirmou que não sabia de nada do escândalo. Pelo visto, ele não pode negar o que disseram os irmãos Miranda", afirmou de forma reservada um líder governista.
entro do próprio governo, assessores estão aconselhando o presidente da República a não partir para o confronto com o deputado Luís Cláudio Miranda (DEM-DF), até pouco tempo um bolsonarista que passeava de moto com o chefe do Executivo federal e frequentava o Palácio da Alvorada.
O parlamentar tem insinuado que tem como provar tudo o que ele, seu irmão Luís Ricardo Miranda, chefe de importação do Ministério da Saúde, e o presidente conversaram no dia 20 de março na residência oficial sobre a compra da Covaxin. A suspeita é que eles tenham gravado o encontro.
A estratégia governista é, mais uma vez, contar com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Ele assumiria que o presidente repassou a ele as denúncias dos irmãos Miranda e, depois de checar, teria garantido que não havia irregularidade no ministério.
O problema dessa versão é que Pazuello deixou a pasta no dia 23 de março, apenas três dias depois do encontro dos irmãos Miranda com Bolsonaro, que ocorreu num sábado. Ou seja, ele teria apenas uma segunda-feira para checar todas as informações.
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